Coroação de Carlos III custou 86 milhões de euros, diz o governo britânico

Apesar de o financiamento ter gerado divisões no Reino Unido, o valor é menos de metade de quanto custou o funeral de Isabel II em Setembro de 2022.

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Carlos III foi coroado a 6 de Maio de 2023 Victoria Jones/Pool via REUTERS
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A coroação do rei Carlos III e da rainha Camila custou 72 milhões de libras (mais de 86 milhões de euros), mas mostrou a Grã-Bretanha a milhões de pessoas em todo o mundo, avança um relatório do Governo divulgado nesta quinta-feira. Apesar da magnitude, o evento custou menos de metade do que o funeral de Isabel II.

Carlos e Camila foram coroados a 6 de Maio de 2023, na maior cerimónia das últimas sete décadas no Reino Unido, com uma sumptuosa exibição de pompa e circunstância perante cem líderes mundiais e uma audiência televisiva global de milhões de pessoas.

No seu relatório anual, o Ministério da Cultura (DCMS), responsável pela organização da coroação, declarou que a realização custou 50,3 milhões de libras (mais de 60 milhões de euros), a que se juntaram mais 21,7 milhões de libras (26 milhões de euros) para despesas de policiamento.

A coroação de Carlos foi mais pequena do que a dos seus antecessores, incluindo a da sua mãe, para reflectir uma era mais moderna e uma monarquia mais sóbria, empática com a realidade dos britânicos.

Apesar da preocupação do rei, que sempre primou pela discrição, o financiamento da coroação gerou discussão no Parlamento com muitos críticos do Partido Trabalhista (agora no Governo) a afirmarem que não era correcto gastar grandes somas quando o povo enfrentava uma crise de custo de vida, face à inflação. Aliás, num inquérito, mais de metade dos britânicos não concordavam com o financiamento público do evento.

Mas o Palácio de Buckingham e o Ministério da Cultura defenderam veemente que a coroação daria um impulso económico à Grã-Bretanha. O DCMS afirmou que se tratava de “um momento único na história que proporcionou uma ocasião para todo o país se reunir em celebração e ofereceu uma oportunidade única para celebrar e reforçar a identidade nacional e mostrar o Reino Unido ao mundo”.

O ministério afirmou que o evento gerou mais de 100 mil notícias e atingiu uma audiência global estimada em dois mil milhões de pessoas em 125 países.

O valor está a ser comparado com os 162 milhões de libras que foram gastos no funeral de Isabel II e em eventos relacionados com a despedida da rainha mais duradora da história britânica, que se arrastou durante quase uma semana entre o velório e o funeral, a 19 de Setembro de 2022.

As contas oficiais da família real britânica, divulgadas no início deste ano, revelaram lucros de mais de mil milhões de libras da propriedade da coroa, o que significa que o subsídio do soberano financiado pelos contribuintes, que paga os deveres oficiais da monarquia, aumentará de 86,3 milhões de libras (103 milhões de euros) em 2024/25 para 132 milhões de libras (mais de 158 milhões de euros) em 2025/26, contabilizava o The Guardian em Setembro.

Apesar de os custos da coroa serem uma das críticas apontadas ao regime, de acordo com a YouGov, Carlos III reúne actualmente uma popularidade de 62%, com apenas 15% a afirmar não gostar do rei. Ainda assim, ocupa apenas o 5.º lugar na tabela de popularidade dos Windsor, liderada por Isabel II e com a princesa de Gales, Kate, em segundo lugar com 73% de popularidade. A fechar o pódio, a princesa Ana e William gozam ambos de 70% de aprovação.