Pedro Nuno Santos: “A responsabilidade é do primeiro-ministro que decide manter” a ministra da Saúde
O secretário-geral do PS diz que não lhe cabe a si sugerir a demissão de ministros, mas lembra que “por menos” o PSD exigiu demissões. E desafia sociais-democratas a serem “coerentes”.
O líder do PS, Pedro Nuno Santos, assinalou as "notícias desagradáveis sobre a competência do Ministério da Saúde" e considera que "há motivos para os portugueses se sentirem inseguros" na Saúde. "Temos à frente do Ministério da Saúde um conjunto de pessoas que tem revelado incompetência", afirmou, em declarações aos jornalistas, à margem de uma visita a uma empresa na Maia, transmitidas pela RTP3. O secretário-geral do PS acredita, porém, que a ministra da Saúde não deve ser a única responsabilizada, e acusa o primeiro-ministro de não ter sabido gerir a situação e de estar a agarrar uma ministra na qual os portugueses já não confiam.
Questionado sobre se estaria a pedir a demissão da ministra, Pedro Nuno Santos diz que essa deve ser uma decisão da ministra e do primeiro-ministro. Mas deixou uma nota: "Por menos, o PSD exigiu demissões [a membros dos Governos do PS]. Os políticos devem procurar ser coerentes. Não podem ser mais exigentes com um Governo do PS do que com o seu próprio Governo. Mas não cabe ao líder do PS pedir a demissão", disse.
Para Pedro Nuno Santos, a "incompetência" do ministério tutelado por Ana Paula Martins "já não dá para mascarar". "Estamos a falar de um Ministério da Saúde que falhou no lançamento de concursos para a contratação de médicos, que falhou no Verão a gerir os serviços de urgência de obstetrícia e que falhou na gestão do dossiê do INEM", enumerou.
"Eu não tenho confiança nesta equipa de Saúde para gerir o Inverno e gostava de saber quantos portugueses confiam nesta equipa ministerial e neste Governo para gerir o Inverno", avisou o secretário-geral do PS, que disparou também para o primeiro-ministro.
O socialista considera que o "principal responsável é o líder do Governo" e aponta a ausência da figura de Luís Montenegro durante a crise do INEM. "Não o temos visto. Vimos, mas sempre para fazer declarações desvalorizando o problema gravíssimo [que aconteceu com o INEM]", acrescentou.
"O que tivemos do primeiro-ministro não foi de transmissão de empatia ou consciência do problema, mas sim sempre alguém a desvalorizar", sublinhou Pedro Nuno Santos.
"Por isso a responsabilidade não é só da ministra, é do primeiro-ministro que a escolhe e decide manter e que em todo o processo não revelou ter a consciência da gravidade do que aconteceu e dizer algo sobre o tema", vincou.
O líder socialista acredita que se o Governo acha que "os problemas vêm de trás", isto é, dos executivos do PS, então "isso obriga o Governo a olhar para a greve do INEM com mais alerta, com mais cuidado". "A consciência de que havia problemas estruturais no INEM não diminui a responsabilidade do Governo, mas aumenta-a", contrapôs. "Se achavam que existiam problemas estruturais não tinham desvalorizado o pré-aviso de greve como acabaram por fazer", afirmou.
O Ministério Público abriu sete inquéritos às mortes possivelmente relacionadas com falhas no socorro do INEM. As falhas no socorro por parte INEM e os atrasos no atendimento de chamadas agravaram-se durante a greve de uma semana às horas extraordinárias dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (TEPH). A greve dos TEPH acabou por ser suspensa após a assinatura de um protocolo negocial entre o Governo e o sindicato do sector.