IL pede à UTAO para avaliar impacto de redução da subvenção pública dos partidos

Partido considera “demasiado elevado” o custo de representação “do sistema democrático” e pede uma redução de 40%.

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Rui Rocha, líder da Iniciativa Liberal Rui Gaudêncio
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A Iniciativa Liberal (IL) pediu, esta terça-feira, à Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) para avaliar o impacto de uma proposta que o partido apresentou para reduzir em 40% a subvenção pública dos partidos e acabar com os seus benefícios fiscais. Já em 2022 esse custo tinha aumentado.

Em causa está uma proposta de alteração ao Orçamento do Estado para 2025 apresentada pela IL que propõe uma "redução de cerca de 40%" da subvenção pública para financiamento dos partidos políticos, que continuaria a "ser atribuída em função do número de votos".

Além desta redução, a IL quer também acabar com as isenções fiscais de que dispõem actualmente os partidos políticos.

Na nota explicativa desta proposta de alteração, o partido considera que o "sistema democrático tem um custo de representação, do qual os partidos devem ser ressarcidos", mas esse valor "tem sido demasiado elevado".

"Por isso, propomos que os valores totais atribuíveis aos partidos sejam reduzidos. No caso da subvenção pública para financiamento dos partidos políticos, propomos uma redução de cerca de 40% no valor que os portugueses actualmente pagam aos partidos políticos", lê-se.

"O fim das isenções fiscais"

No que se refere ao fim das isenções fiscais, a IL argumenta que "os partidos que têm cobrado impostos recorde aos portugueses estão eles próprios isentos de impostos", defendendo que é preciso "terminar com esta injustiça", "não tanto pela questão financeira, que é residual no Orçamento, mas por uma questão de princípio".

"A lei atribui aos partidos políticos benefícios que são negados aos cidadãos. Esta é uma desigualdade perante a lei que não podemos tolerar. Porque discriminar positivamente os partidos políticos em detrimento dos cidadãos e das empresas é inaceitável, propomos o fim das isenções fiscais de que os partidos políticos actualmente gozam", lê-se.

Questionado pela agência Lusa sobre a alternativa para o financiamento dos partidos, com o fim destas fontes de receita, a IL respondeu que existem, actualmente, três subvenções: a partidária, de campanha e a parlamentar, além dos benefícios fiscais.

"Tudo somado, estimamos serem cerca de 120 milhões de euros por legislatura de custo. Só estamos a reduzir a subvenção partidária em 40%, não mexemos na subvenção de campanha nem no financiamento parlamentar", esclarece o partido, que defende que "os partidos têm mais do que fundos públicos suficientes para a sua actuação política".

"Só têm de gerir melhor", acrescenta a IL.

Actualmente, a lei de financiamento dos partidos políticos e das campanhas eleitorais estabelece que, "a cada partido que haja concorrido a ato eleitoral, ainda que em coligação, e que obtenha representação na Assembleia da República é concedida (...) uma subvenção anual, desde que a requeira ao Presidente da Assembleia da República".

A lei estipula que essa subvenção "consiste numa quantia em dinheiro equivalente à fracção 1/135 do valor do Indexante dos Apoios Sociais (IAS), por cada voto obtido na mais recente eleição de deputados à Assembleia da República".