Trabalhadores da Trust in News pedem ajuda para manter títulos como a Visão e Exame
Administração da Trust in News anunciou na semana passada a intenção de apresentar um plano de insolvência. Trabalhadores pedem ajuda aos “leitores, anunciantes e potenciais investidores”.
Os trabalhadores da Trust in News (TIN) apelaram esta segunda-feira, 18 de Novembro, ao "apoio de toda a sociedade, incluindo de potenciais investidores", a ajudar a preservar os títulos de informação do grupo e a garantir os postos de trabalho.
A TIN, que detém 16 títulos, entre os quais a Visão, Exame, Jornal de Letras, Caras, Activa e TV Mais, viu o seu Processo Especial de Revitalização (PER) ser reprovado em 5 de Novembro, tendo em 12 de Novembro a administração anunciado a intenção de apresentar um plano de insolvência, requerendo a convocação de uma assembleia de credores para apresentação e fundamentação de um plano de recuperação.
Reunidos em plenário nesta segunda-feira, os trabalhadores "decidiram tornar pública a sua luta face ao imobilismo da administração, ao aumento da dívida, ao perpetuar dos salários em atraso, ao chumbo do PER e à iminente insolvência", lê-se num comunicado a que o PÚBLICO teve acesso. Decidiram ainda, "por unanimidade, apelar aos leitores, aos anunciantes e a potenciais investidores que ajudem a manter os títulos jornalísticos" do grupo "e a salvar os postos de trabalho".
Também solicitam ao accionista e administrador da TIN, Luís Delgado, "o pagamento da totalidade dos salários e subsídios em atraso (alguns salários de Setembro, salários de Outubro, subsídios de férias, cinco subsídios de alimentação e outras remunerações) e a partilha, com carácter de urgência, de toda a informação disponível sobre o projecto de recuperação da empresa que pretende apresentar aos credores, no seguimento do pedido de insolvência por recuperação".
Optaram também por agendar acções de protesto para "sensibilizar a sociedade civil e o poder político para as dificuldades que enfrentam todos os dias e para a importância de salvar todos os títulos".
Sublinham que "nunca baixaram os braços", apesar das dificuldades, que enumeram: salários atrasados, "mês após mês", desde Novembro do ano passado; subsídios de alimentação e de férias por pagar; perda de acesso a "ferramentas de trabalho essenciais"; ausência de "informações claras sobre o rumo da empresa".
"Nunca baixaram os braços, mesmo quando viram dezenas de camaradas, colegas e amigos saírem, desgastados pela incerteza e pela ansiedade que uma situação destas provoca. Nem quando as revistas perderam os directores ou ficaram reduzidas a apenas um jornalista", lê-se no comunicado assinado pela comissão de trabalhadores da TIN, pelos delegados sindicais da Visão e do Jornal de Letras e pelos conselhos de redacção da Visão, da Caras e da Activa. Também não baixaram os braços "quando as condições de trabalho se deterioraram" ou quando "saíram notícias sobre a situação da empresa e das revistas — às quais muitos dedicaram uma vida inteira".
Os trabalhadores asseguram que "vão continuar a lutar pelos seus postos de trabalho e pelas revistas que representam" e que "continuam comprometidos e inteiramente focados na missão de informar, com rigor e isenção, e na procura de soluções de futuro para estas publicações".