Lucro da TAP penalizado por efeitos cambiais e recuperação de salários

Companhia aérea registou um resultado líquido de 117,8 milhões de euros no terceiro trimestre deste ano, menos 35% quando comparado com idêntico período do ano passado.

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TAP encaixou 1187,5 milhões de euros com passagens no terceiro trimestre Miguel Manso
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A TAP teve um resultado positivo de 117,8 milhões de euros no terceiro trimestre deste ano, uma descida de 35% face a idêntico período de 2023. Apesar da subida de 2% dos rendimentos operacionais, que chegaram aos 1284,1 milhões — com destaque para as passagens aéreas, com um peso de 92,5% —, os gastos também subiram, ultrapassando os mil milhões de euros: mais 6,5%, para 1056,9 milhões.

A maior subida nos gastos foi na rubrica de custos com pessoal, muito devido aos novos acordos de empresa, que aumentaram 26%, para 216 milhões após o fim dos cortes que estavam em vigor. Houve também uma subida no número de trabalhadores, que no final de Setembro eram 7737, mais 189 do que em idêntico período de 2023.

Com um resultado operacional de 227,2 milhões (-14,6%), a companhia aérea foi também penalizada por factores como efeitos cambiais adversos, que provocaram uma perda de 22 milhões de euros, quando no terceiro trimestre do ano passado houve um ganho de 6,2 milhões.

No comunicado emitido nesta segunda-feira, o presidente executivo da TAP, Luís Rodrigues, fala em “desvalorizações cambiais significativas”, mas a empresa não especifica qual o peso do Brasil e dos EUA neste impacto negativo.

Olhando para os primeiros noves meses, as perdas devido a questões cambiais sobem para 39,5 milhões de euros, quando em idêntico período de 2023 a relação do euro com as outras moedas tinha sido benéfica em 33,8 milhões.

De Janeiro a Setembro, o resultado líquido é quase igual ao do terceiro trimestre, já que no primeiro semestre foi de apenas 400 mil euros. Ao todo, a TAP lucrou 118,2 milhões, menos 41,9% do que nos primeiros nove meses de 2023.

“Apesar do actual contexto desafiante do sector, mantemo-nos focados na transformação da TAP, com o apoio das nossas pessoas e dos nossos stakeholders, numa companhia sustentadamente rentável e numa das mais atractivas da indústria”, afirmou o presidente da TAP, que realçou também “a situação difícil na gestão do espaço aéreo europeu”.

“A melhoria da pontualidade e do NPS (índice de satisfação do cliente) e a estabilização da regularidade confirmam uma operação mais robusta e com um melhor serviço para os nossos clientes, que se traduz em aumentos de receitas e consolidação de resultados operacionais”, referiu Luís Rodrigues.

Boas perspectivas para o último trimestre

No final de Setembro, a TAP, que está em processo de privatização, contava com 943,1 milhões de euros em caixa, depois de ter chegado aos 1,17 mil milhões de euros no final de Junho.

Segundo as contas da empresa, a dívida financeira líquida estava nos 491,3 milhões, com 814,8 milhões de euros de passivos de locação com opção de compra e 619,6 milhões em empréstimos bancários e obrigações.

Quando fechou as contas do terceiro trimestre, a companhia aérea, detida a 100% pelo Estado e em processo inicial de privatização, contava com 99 aeronaves, após a chegada de mais um A320 neo e a retirada de um A319.

Depois desta data, a TAP emitiu 400 milhões de euros em obrigações, que usou para pagar uma linha anterior de 375 milhões, com melhores condições, e, com algum dinheiro de caixa, “um empréstimo de bancos portugueses”. A emissão de dívida, de acordo com o presidente da TAP, mostrou “uma resposta positiva por parte dos investidores à performance financeira da empresa”.

A colocação de obrigações implicou também uma redução do capital social e a alteração na entrega da última fatia de apoio do Estado à TAP, no valor de 343 milhões de euros (perfazendo o total de 3,2 mil milhões). Em vez de entrar para o capital social, o valor será entregue em Dezembro através de prestações acessórias “sujeitas ao regime de prestações suplementares”.

Para o quarto trimestre, a companhia aérea diz que “as reservas se encontram ligeiramente acima do ano anterior”, sendo “expectável que compensem alguma pressão” sobre as margens dos preços das passagens. Espera-se também a entrega de mais duas aeronaves A320 neo, “em substituição de duas aeronaves da família A320 ceo”.

A perspectiva da TAP é a de fechar o exercício de 2024 com um resultado líquido positivo, depois de ter encaixado um lucro de 177,3 milhões no ano passado. Este foi um resultado recorde para a empresa, não obstante uma prestação negativa no último trimestre desse ano.

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