Brasileira que estava presa em Bruxelas já está no Brasil, informa consulado

Jessika Ribeiro ficou presa por três semanas na capital belga. Pelas informações prestadas pelas autoridades ao consulado do Brasil em Bruxelas, a brasileira embarcou para o Brasil em 13 de novembro.

Foto
Policiais abordaram a brasileira Jessika Ribeiro em Bruxelas. Ela estava com a documentação vencida e acabou presa CHARLES PLATIAU / REUTERS
Ouça este artigo
00:00
03:55

Os artigos da equipa do PÚBLICO Brasil são escritos na variante da língua portuguesa usada no Brasil.

Acesso gratuito: descarregue a aplicação PÚBLICO Brasil em Android ou iOS.

A brasileira Jessika Jane Moraes Ribeiro, de 34 anos, que estava presa na Bélgica, já está no Brasil. Segundo o Consulado do Brasil em Bruxelas, autoridades decidiram por embarcá-la no dia 13 de novembro. Os diplomatas que a acompanham quase que diariamente garantiram que Jessika recebeu todo o suporte que precisava.

O consulado informou ao PÚBLICO Brasil que o primeiro contato com Jessika, que nasceu em Goiânia e estaria morando em Portugal desde agosto de 2023, ocorreu em 31 de outubro, dias depois de ela ser detida. Anteriormente, a representação diplomática havia garantido que ainda não sabia sobre o paradeiro da brasileira. “Infelizmente, houve uma confusão nas informações, mas o certo é que demos suporte a Jessika”, afirmou um diplomata encarregado do caso.

Segundo a advogada Priscila Corrêa, que foi procurada por Jessika pedindo ajuda, a brasileira teria sido presa em Bruxelas ao ser abordada na rua por policiais. Eles teriam pedido a documentação dela, que estava com o passaporte. No documento, os agentes teriam identificaram que a brasileira havia ultrapassado o tempo permitido para permanecer como turista em território europeu, de 90 dias.

A goiana relatou à advogada que teria argumentado com os policiais que viveria em Portugal e que havia recorrido ao Governo português pedindo uma autorização de residência. Ela teria usado um instrumento válido à época para permanecer em território luso: a Manifestação de Interesse, que acabou extinta em junho último.

Burocracia e desespero

Os policiais teriam pedido, então, a comprovação do pedido feito ao Governo de Portugal, mas Jessika não conseguiu apresentar as informações, porque, de acordo do Priscila Corrêa, além de não ter o número anotado em nenhum lugar, o sistema que permite consultas, o SAPA, da Agência para Integração, Migrações e Asilo (AIMA), está fora do ar.

Jessika foi, então, encaminhada para um Centro de Detenção. Lá, os agentes teriam contactado o consulado brasileiro e o consulado de Portugal, que informou necessitar do número do processo da Manifestação de Interesse da goiana para checar os dados. Como ela não passou a informação, não houve ajuda por parte da diplomacia portuguesa.

A advogada, que estava apenas tentando auxiliar a brasileira, não teve acesso ao boletim da prisão feito pelos policiais belgas para confirmar se todas as informações que ela havia recebido da goiana eram verdadeiras.

“Ficamos sempre em contato com o Centro de Detenção e com o órgão responsável pela imigração, vinculado ao Mistério do Interior”, assinalou o diplomata. Ele contou que Jessika tinha o direito de se comunicar por um telefone apenas para receber e fazer ligações, mas por um período determinado. “Não era um smartphone”, complementou. A goiana também tinha acesso limitado ao computador para enviar mensagens. Foi dessa forma que ela contactou a advogada Priscila Corrêa, em Portugal.

Na mensagem à advogada, a brasileira contou que passou quatro dias isolada em um quarto, de sexta-feira a segunda-feira, inclusive no aniversário dela. Neste mesmo e-mail, Jessika disse ter sido examinada por uma médica do presídio e que a profissional teria alertado os policiais que eles não poderiam ter deixado a goiana tanto tempo presa num quarto.

A brasileira afirmou ainda para Priscila que estava “desesperada” e que já teriam lhe oferecido uma passagem de volta para o Brasil, mas que ela queria retornar a Portugal, onde estaria a vida dela.

Procurada pelo PÚBLICO Brasil, a AIMA não respondeu. O Ministério de Negócios Estrangeiros, ao qual está subordinado o consulado português em Bruxelas, informou, em e-mail encaminhado à advogada Priscila Corrêa, que estava ciente do caso envolvendo a brasileira.

Esta matéria foi atualizada assim que o PÚBLICO Brasil recebeu a informação do Consulado do Brasil em Bruxelas de que Jessika já tinha retornado ao Brasil. O texto também reforça que a advogada Priscila Corrêa, que foi procurada pela brasileira, mas não era a defensora formal dela, não teve acesso ao boletim de prisão emitido pelos policiais belgas. Portanto, trabalhou com as informações que havia recebido da goiana por e-mail e por telefone.

Sugerir correcção
Comentar