Equipa de reportagem de canal nigeriano detida pela polícia em Moçambique

Bongani Siziba e Sbonelo Mkhasibe foram levados para parte incerta. O canal NewsCentral Africa TV diz que não conseguiu falar com eles desde a detenção. Jornalista moçambicano estaria com eles.

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Bongani Siziba, a correspondente na África do Sul do canal News Central TV, e o operador de câmara, Sbonelo Mkhasibe DR
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Dois jornalistas sul-africanos que trabalham para um canal de televisão da Nigéria foram detidos pela polícia em Moçambique na quinta-feira e estão em parte incerta desde então, denuncia a News Central TV em comunicado. Bongani Siziba, a correspondente na África do Sul do canal, e Sbonelo Mkhasibe, o operador de câmara, estavam em Maputo a cobrir os protestos contra a fraude eleitoral e a repressão policial. Com eles, segundo o MISA Moçambique, estaria a colaborar o jornalista moçambicano Charles Mangwiro, que terá sido igualmente detido.

“A News Central TV manifesta a sua enorme preocupação pela detenção da nossa correspondente na África do Sul, Bongani Siziba, e o nosso operador de câmara, Sbonelo Mkhasibe, que foram detidos quando estavam a cobrir os acontecimentos em Maputo, Moçambique”, denuncia o canal no seu comunicado de imprensa. “Os nossos colegas foram detidos ontem, 14 de Novembro de 2024, no exercício da sua actividade profissional como jornalistas, informando sobre o desenrolar dos acontecimentos no país. Apesar de todos os nossos esforços, não conseguimos estabelecer contacto directo com eles desde a sua prisão.”

O comunicado do canal nigeriano é omisso quanto à detenção do jornalista moçambicano Charles Mangwiro, da LM Radio, antigo correspondente da Reuters em Moçambique, mas a sucursal moçambicana do Media Institute of Southern Africa adianta que o mesmo estaria a trabalhar como tradutor para a equipa de reportagem: “Ao que o MISA apurou, os jornalistas sul-africanos estavam na companhia de um outro jornalista moçambicano, Charles Mangwiro, da LM Rádio (um serviço de notícias em inglês), e correspondente internacional, que apoiava Sizibiba e Mkhasibe com serviços de tradução.”

Para o Centro para Democracia e Direitos (CDD), este “é mais um ataque directo à liberdade de imprensa” em Moçambique, o segundo caso envolvendo jornalistas estrangeiros a cobrir os mais recentes acontecimentos no país. A equipa de reportagem da CMTV enviada para cobrir os protestos convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane e o Podemos foi obrigada a deixar o país, alegando as autoridades que tinham entrado no país com visto de turista e não podiam estar a trabalhar.

“Desde a chegada dos jornalistas sul-africanos, todas as tentativas de contacto com eles falharam. A sua detenção incomunicável não apenas retira a sua liberdade, mas também lhes nega o direito básico de se comunicarem com colegas, familiares ou advogados”, acrescenta a organização da sociedade civil moçambicana no seu boletim.

O comunicado do canal nigeriano, com data desta sexta-feira, que reitera a “defesa firme da liberdade de imprensa e exorta as autoridades a respeitarem os direitos dos jornalistas”, refere que “a News Central TV está a colaborar com todas as autoridades relevantes e com os canais diplomáticos para a assegurar a sua libertação segura e imediata”.

“As autoridades não forneceram informações sobre a sua condição ou as razões para mantê-los sem contacto – uma medida preocupante que parece ser uma tentativa de silenciar a cobertura internacional da crise em Moçambique”, acrescenta o CDD.

Num país onde a liberdade de imprensa “é sempre condicionada”, afirma a organização, as autoridades moçambicanas parecem estar a enviar “um recado claro” à imprensa moçambicana e estrangeira: “Aqueles que buscam relatar objectivamente serão punidos.”

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