The Guardian sai do X. “Conteúdo perturbador promovido pela plataforma” na base da decisão
“A campanha para as eleições nos EUA serviu apenas para sublinhar (...) que o X é uma plataforma tóxica e que Elon Musk tem conseguido utilizar a sua influência para moldar o discurso político”.
O diário britânico The Guardian vai deixar de fazer publicações na rede social X (antigo Twitter). “A campanha para as eleições presidenciais nos EUA serviu apenas para sublinhar (...) que o X é uma plataforma tóxica e que o seu proprietário, Elon Musk, tem conseguido utilizar a sua influência para moldar o discurso político”, lê-se no comunicado publicado pelo jornal.
Há mais “aspectos negativos” do que “benefícios” em continuar no X, considera o The Guardian, “e os recursos podem ser mais bem utilizados para promover o jornalismo noutros sítios”. A decisão partiu de uma longa consideração, devido ao conteúdo “perturbador promovido ou encontrado” na rede social, que inclui “teorias da conspiração de extrema-direita e racismo”. “Preferíamos que as pessoas fossem a theguardian.com e apoiassem o nosso trabalho lá”, até porque o X “desempenha um papel reduzido na promoção” do trabalho do jornal.
Os leitores vão poder continuar a partilhar os artigos no X, o jornal vai apenas deixar de publicar em nome próprio. Podem continuar a existir publicações incorporadas nos textos e os jornalistas vão continuar a usar a rede social como meio de recolha de informações.
“Podemos fazê-lo porque o nosso modelo de negócio não depende de conteúdos virais adaptados aos caprichos dos algoritmos dos gigantes das redes sociais — em vez disso, somos financiados directamente pelos nossos leitores”.
O multimilionário Elon Musk, proprietário de várias empresas, incluindo o X, prometeu, na altura em que adquiriu a rede social, que aquele seria um lugar politicamente neutro. Anos depois, tornou-se num megafone da direita radical. Na sequência dessa viragem, várias pessoas e instituições deixaram a rede social e empresas como a Disney ou a Apple retiraram os anúncios que tinham activos. O movimento não é exclusivo aos EUA e Reino Unido: em Portugal, a antiga diplomata socialista Ana Gomes anunciou, após a eleição de Donald Trump, que iria deixar o X e quem quisesse continuar a ler o que ali escrevia poderia fazê-lo no Threads.
Desde que se soube que Donald Trump seria o próximo Presidente dos EUA, o Bluesky, uma rede social alternativa ao X, arrecadou mais de 700 mil novos utilizadores e conta agora com 14.5 milhões em todo o mundo. O Threads continua a ser a alternativa mais popular, com cerca de 275 milhões de utilizadores.
Elon Musk foi um dos actores principais nas eleições presidenciais norte-americanas, apoiou Trump e acabou a ser nomeado para a liderança do Departamento de Eficiência Governamental, que existirá à margem a estrutura orgânica do Governo e por isso não precisa da confirmação do Senado. O dono do X, um dos maiores financiadores da campanha de Donald Trump, defende cortes de dois biliões de dólares na estrutura governamental federal.