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Todas por Uma: aplicativo com simples sensor salva mulheres da violência doméstica
Sistema foi desenvolvido pelo brasileiro Mateus Diniz tendo como base o sofrimento dele em ver a mãe ser vítima de abuso na própria casa. Portugal é o terceiro país que mais utiliza o aplicativo.
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O aplicativo para smartphones Todas por Uma, que usa um sensor para identificar agressores de mulheres, é resultado do sofrimento vivido por Mateus Diniz, 26 anos, que sentiu na própria pele o peso da violência doméstica. “A minha dor tem sido a minha maior vitória”, diz ele, que presenciou o assédio moral do pai contra a mãe durante cinco anos. No Web Summit 2024, ele é um dos empreendedores mais procurados por especialistas, entidades de defesa das mulheres e organismos internacionais.
Auto-intitulado desenvolvedor móvel para telefones móveis, ou mobile developer, Mateus estudou e montou uma equipe com pessoas da idade dele na Escola Técnica Horácio da Silveira Augusto, na Vila Guilherme, zona Norte de São Paulo, reduto de empresas de trabalhadores nas áreas de serviço e de comércio. “Lá, compartilhei com meus amigos a minha história, com perguntas que não eram respondidas”, conta.
Mateus enfatiza que ele e companheiros em torno dos 20 anos de idade desenvolveram “uma referência no combate à violência contra as mulheres”. Para ele, estar no Web Summit é o reconhecimento pela luta que enfrentou e porque Portugal é o terceiro país no mundo em que as mulheres mais utilizam o aplicativo da startup Todas por Uma.
Segundo o empreendedor, o crescimento do projeto foi muito rápido no Brasil e a expansão do aplicativo ainda mais impressionante, principalmente, junto aos países de língua portuguesa. A demanda ocorreu após ser convidado por várias entidades, como a ApexBrasil, a Escola de Negócios da Favela e a Central Única das Favelas (CUFA), que reconheceram a importância da iniciativa
“Viemos para o Web Summit para representar a favela e, sobretudo, para mostrar a diversidade e desenvolvimento da primeira inteligência artificial capaz de salvar vidas no mundo e combater a violência contra a mulher”, destaca o líder da startup.
Como funciona
O funcionamento do aplicativo é relativamente simples: consiste no envio de um pedido de socorro pela mulher por meio de um sensor em poder dela. No momento em que ela entra no aplicativo, o sistema simula uma empresa de compras, mas, na verdade, trata-se de uma ação camuflada. “É para a mulher enviar um pedido de socorro sem que o agressor perceba. Ela não aperta nenhum botão, simplesmente, balança o celular, que envia, a cada 30 segundos, a localização dela”, ensina Mateus.
Mesmo que a mulher esteja em movimento, o aplicativo gera um relatório completo, com data, horário, localização e testemunhas, nomes de pessoas de confiança que a vítima tem armazenado no sistema. Tudo servirá como prova para incriminar o agressor. “No Brasil, mapeamos todas as delegacias de mulheres. Então, cada pontinho marcado na tela do equipamento é uma unidade especializada. As informações são remetidas às autoridades”, detalha o brasileiro.
A experiência do aplicativo, afirma o empreendedor, tornou-se alvo de estudos no Brasil e no exterior. “Virou artigo científico na Fundação Dom Cabral e na Fundação Getúlio Vargas”, exemplifica. “Para completar, sou o único nome da agenda global a estar falando no palco do Grande Círculo Vermelho (Web Summit), apresentando o Todos por Uma", comemora.
Ele conta que foi convidado por um editora norte-americana para, no próximo ano, apresentar o aplicativo e, em breve, universidades da rede pública do Brasil devem desenvolver projetos tendo como base o Todas por Uma. “Chegar às universidades tem um valor enorme para mim. A educação mudou minha vida, a minha realidade, transformando minha dor nesta grande potência”, assinala. Mateus complementa que, no mês passado, foi nomeado pela Forbes como líder negro da atualidade. Em 2022, havia sido convidado pela Embaixada de Israel no Brasil para representar o país como um dos que contribuem para reduzir a violência contra mulheres.
O jovem observa que prometeu a si mesmo que, neste ano, faria a primeira viagem internacional. E está em Portugal. “E fico sem palavras em ver, em outros países, todas as turmas que aderiram ao aplicativo. Espero que, no futuro, todos aqueles que formei criem os próprios aplicativos e ganhem o mundo”, conclui.