Com obesidade a aumentar, estudo chinês recomenda dietas específicas para cada região

Publicado na revista Nature Food, em Agosto e divulgado pelos meios de comunicação social estatais na semana passada, o estudo poderá vir a ser útil em países em desenvolvimento.

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Em 2022, 2,5 mil milhões de adultos (com 18 anos ou mais) tinham excesso de peso, segundo a Organização Mundial da Saúde LUCAS JACKSON/REUTERS
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Cientistas chineses recomendaram uma dieta específica para cada região, que consideram crucial para melhorar os hábitos alimentares no país, num contexto de aumento da obesidade e das doenças relacionadas com o estilo de vida, e como forma de conservar os recursos naturais e ambientais.

Em Outubro, a China publicou o seu primeiro conjunto de directrizes para normalizar o diagnóstico e o tratamento da obesidade. Mais de metade dos adultos chineses já tem excesso de peso e são obesos, e espera-se que a taxa continue a aumentar. Em 2022, 2,5 mil milhões de adultos (com 18 anos ou mais) tinham excesso de peso, segundo a Organização Mundial da Saúde.

O Governo chinês afirmou que a adopção de dietas mais saudáveis é importante para tratar e prevenir a obesidade e um grupo de cientistas da Escola de Saúde Pública da Universidade Sun Yat-sen, em Guangzhou, na província de Guangdong, no Sul da China, afirmou que o seu estudo adere a uma Dieta de Saúde Planetária e defende um consumo reduzido de produtos lácteos e carne vermelha.

Publicado na revista Nature Food, em Agosto e divulgado pelos meios de comunicação social estatais na semana passada, o estudo recomendou que no Norte da China, que se caracteriza por uma elevada ingestão de produtos lácteos, mas por um baixo consumo de vegetais, as pessoas comam mais fruta e cereais integrais.

No Sudoeste, que tem um ambiente mais agreste e uma grave escassez de água, a região poderia concentrar-se num consumo elevado de legumes e vegetais, em vez do actual consumo muito elevado de carne vermelha, segundo o estudo.

No Leste, conhecido pela sua “cultura agrícola afluente e aquacultura desenvolvida”, foi recomendado aos seus residentes um maior consumo de cereais integrais, marisco e legumes.

A comissão de saúde da China não respondeu imediatamente a um pedido de comentário enviado por correio electrónico.

As dietas recomendadas servem para a prevenção da “obesidade e das doenças cardiometabólicas”, afirmou Liu Yan, um dos autores do estudo, acrescentando que ajudam a reduzir a mortalidade prematura e a incapacidade, e asseguram as necessidades nutricionais dos residentes.

Não só a China, mas também outros países que enfrentam desafios de saúde e ambientais semelhantes, poderão beneficiar do roteiro para a dieta, afirmaram os cientistas no estudo.

Brent Loken, cientista-chefe da World Wildlife Fund para a alimentação global, afirmou que o estudo oferece um caminho promissor para os países em desenvolvimento, incluindo a Índia e o Quénia.

“A adopção destas variantes da dieta de saúde planetária pode servir como uma estratégia viável para mudanças na dieta da China, de modo a atingir os objectivos de saúde humana e de sustentabilidade ambiental... Com lições traduzíveis para outros países do mundo”, afirmou.