O criador belga Glenn Martens vai desenhar uma colecção cápsula para a H&M, avança o CEO da marca, Daniel Ervér, ao Business of Fashion. O objectivo, detalha o responsável, é trazer nova energia ao projecto de colaborações entre a H&M e os criadores de moda, uma iniciativa que celebra 20 anos. “Re-energizar a H&M tem sido uma questão de voltar à nossa promessa principal”, declarou.
Isso significa “tornar o inacessível acessível a muitos e isso significa estar na intersecção entre criatividade, acessibilidade e auto-expressão”, acrescentou o CEO que esteve no evento BoF Voices, dedicado a distinguir jovens talentos.
Já Gleen Martens declara ter um propósito criativo claro: “Quero trazer mais felicidade a toda a gente.” E desvendou que a colecção “está quase terminada”, descrevendo-a como um reflexo do que é enquanto criador. “É muito eu, muito peculiar, experimental; [estou] a criar pequenos monstros.”
Martens foi o mentor do Y/Project, uma das marcas mais disruptivas de Paris, durante mais de uma década e chegou a assinar a colecção de alta-costura de Jean Paul Gaultier. O belga de 41 anos deixou o projecto em Setembro deste ano para se dedicar a tempo inteiro à Diesel, marca da qual é director criativo. Sob o seu leme desde 2020, a etiqueta italiana de gangas ressuscitou e afastou-se da imagem banal em que tinha caído nos últimos anos.
A ser lançada em 2025, a colecção pretende trazer “nova energia” às vendas da H&M que têm estado estagnadas, com a marca sueca a ser não só ofuscada pela rival Zara, mas também com a nova competição como a gigante de ultra fast fashion Shein.
Além da colaboração com Glenn Martens, Daniel Ervér também levantou o véu sobre outas mudanças na H&M. Pretende renovar mais de 250 lojas em todo o mundo, enquanto cimenta o trabalho com embaixadores como os artistas Charlie XCX, Troye Sivan ou Yseult.
Recentemente, a marca organizou uma venda em segunda mão de algumas das peças mais icónicas dos 20 anos de colaboração com criadores de moda. Desde 2004, a marca já colaborou com nomes como Karl Lagerfeld, Roberto Cavalli (2007), Comme des Garçons by Rei Kawakubo (2008), Jimmy Choo (2009), Versace (2011), Maison Martin Margiela (2012), Isabel Marant (2013), Alexander Wang (2014), Balmain (2015), Moschino (2018), Iris Apfel (2022) ou Rabanne (2023).
Neste ano, a colaboração deste ano foi lançada em Abril com a Rokh, a marca da designer sul-coreana Rok Hwang, que, antes de se lançar em nome próprio, passou pela Chloé e pela Louis Vuitton. A criadora adaptou alguns dos seus clássicos de alfaiataria, as gabardines da marca ou as peças em estilo corpete, tornando-as mais acessíveis e usáveis para a marca de fast fashion sueca.
O lançamento destas colecções sempre foi um dos mais esperados do ano pelos entusiastas da moda, por permitirem acesso à assinatura dos criadores a um preço mais competitivo. Chegavam a formar-se filas à porta das (poucas) lojas seleccionadas um pouco por todo o mundo. Em Lisboa, as peças ficavam disponíveis na H&M da Rua do Carmo. Resta saber se Glenn Martens terá o mesmo sucesso.