CCDR-N distingue enólogo João Nicolau de Almeida e sector vitivinícola

João Nicolau de Almeida “foi decisivo” no aparecimento do Douro DOC e tem feito um “percurso notável”. É por isso Personalidade do Norte 2024 para a CCDR-N, que assim também homenageira todo o sector.

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João Nicolau de Almeida, fotografado em 2021, com os filhos, no projecto familiar Quinta do Monte Xisto Nelson Garrido
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O enólogo João Nicolau de Almeida foi considerado Personalidade do Norte 2024 pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), que o distinguiu esta terça-feira pelo percurso "transformador na vinha em Portugal e no Douro".

"João Nicolau de Almeida foi um dos primeiros profissionais a abordar a enologia e a vitivinicultura a partir de uma abordagem científica, aliando o conhecimento científico ao conhecimento tradicional, sendo autor de vinhos de grande nomeada, explica à Lusa António Cunha, presidente da CCDR-N, a propósito do prémio entregue esta terça-feira no Fórum Regional "Europa Pós-2027: Quo Vadis?", em Guimarães. Com o galardão, a CCDR-N quis também prestar "o tributo a todo o sector agrícola e vitivinícola", acrescenta o responsável.

António Cunha assinala também que João Nicolau de Almeida "foi decisivo no aparecimento dos vinhos do Douro de mesa, os vinhos do Douro DOC, que hoje o Douro produz", apresentando um "percurso notável".

No site oficial do enólogo, escreve-se que, para compreender o contributo na "modernização e desenvolvimento da vitivinicultura da região do Douro", é necessário "recuar à década de 70 do século XX quando ainda se ouvia o chiar de carros de bois transportando pipas para os barcos rabelos". "Nessa altura, maioria das Casas de Vinho do Porto estavam em Gaia, longe do Douro, das vinhas, e a profissão de enólogo como a conhecemos hoje ainda não existia em Portugal."

Em 1970, João Nicolau de Almeida vai "estudar enologia em França (Dijon e Bordeaux), com alguns dos nomes mais relevantes da área, tais como Émile Peynaud, Jean Ribéreau Gayon, entre outros". "Entusiasmado por todo o conhecimento científico entretanto adquirido, inicia o seu percurso em 1976, na Casa Ramos Pinto como director de enologia e Viticultura. Encorajado pelo seu tio, José António Ramos Pinto Rosas, então administrador da Casa e com um grande conhecimento da viticultura duriense, inicia uma série de estudos vitivinícolas", refere-se nessa nota biográfica.

Em 1981, apresentou os resultados de um estudo de castas, "seleccionando cinco tintas e três brancas" que considerava serem "as mais apropriadas para a produção de vinho do Porto, mas também para vinho seco, vinho do Douro: Touriga Nacional, Touriga Francesa, Tinta Barroca, Tinta Roriz, e Tinto Cão e brancas Rabigato, Viozinho e Arinto". "Esta selecção, mais tarde, foi amplamente adoptada pela região", pode ler-se na mesma fonte.

Já em 1990, João lançou "o primeiro vinho tinto seco da Ramos Pinto, o Duas Quintas, um dos primeiros a abrir portas para uma nova era do Douro" e, em 1994, lançou o Duas Quintas branco. "Torna-se assim num precursor da modernização da vitivinicultura duriense, acumulando uma série de distinções a nível nacional e internacional", sendo Doutor Honoris Causa pela Universidade de Vila Real, Grande Oficial da Ordem de Mérito Agrícola da República Portuguesa, Cavaleiro da Ordem de Mérito Agrícola da República Francesa, entre outras.

No ano 2000, conjugou as funções de director de enologia e CEO na Ramos Pinto. Oficialmente reformado desde 2017, nos últimos anos continuou ligado ao vinho através do projecto familiar com os filhos Mafalda, Mateus e João na Quinta do Monte Xisto.

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