Susan Sarandon lamenta o cancelamento que sofreu por parte de Hollywood

Postura política afectou a carreira da actriz, que foi apanhada de surpresa após polémica em manifestação ao ser dispensada pela sua agência. Para a artista, Hollywood “só se interessa por dinheiro”.

Foto
A actriz achava que a sua postura política nunca prejudicaria a sua carreira Christian Charisius/Reuters
Ouça este artigo
00:00
02:43

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

A norte-americana Susan Sarandon nunca deixou o activismo de lado, mesmo que este pudesse entrar em conflito com a sua carreira de actriz. Sempre deixou a sua postura política evidente, o que culminou na sua expulsão da agência que a representava.

Neste momento, teme nunca mais trabalhar num filme de Hollywood, principalmente depois dos seus comentários a favor da Palestina, em Novembro de 2023: “Os meus projectos foram cancelados”, afirmou ao jornal britânico The Times numa entrevista publicada no domingo.

“Eles usaram-me como exemplo do que não fazer se quiser continuar a trabalhar", acrescentou. Para Sarandon, "Hollywood não é liberal nem ama o cinema, só se interessa por dinheiro”, disse ainda à imprensa no BCN Film Fest, em Barcelona, em Abril do ano passado, lembra o El País.

A actriz de 78 anos foi dispensada pela sua agência de talentos depois de, num comício em Nova Iorque de apoio à causa palestiniana, ter observado que “há muita gente que tem medo, que tem medo de ser judeu nesta altura”.

No mesmo discurso, concluiu que os judeus na América “estão a sentir o gosto do que é ser muçulmano” naquele país, numa declaração que foi interpretada como um incentivo ao sentimento anti-semita. Nas suas redes sociais, lamentou o sucedido.

Um ano depois da polémica, a actriz reflecte na entrevista à publicação britânica sobre as consequências das suas palavras. Apesar de perder trabalhos, garante que não se arrepende de ter apoiado a Palestina, reitera ao The Times ao mesmo tempo que denuncia as consequências nos Estados Unidos de ser a favor da causa palestiniana.

“Há tantas pessoas sem emprego neste momento [desde] Novembro do ano passado... Que perderam os seus empregos como seguranças, escritores, pintores, pessoas que trabalham no refeitório, professores substitutos que foram demitidos porque escreveram no X [antigo Twitter] algo, ou gostaram de um tweet, ou pediram o cessar-fogo", lamenta.

Quando questionada se algum dia voltará a ser-lhe oferecido um papel num filme importante, Sarandon responde: “Não sei. Nada em Hollywood", prevê, já que embora, depois da polémica tenha protagonizado um filme, este é independente. Chama-se The Gutter, que estreou no dia 1 de Novembro.

No entanto, esta não foi a primeira vez que a actriz de Thelma e Louise manifestou a sua postura política publicamente. Em 2018, Susan Sarandon foi detida em protesto contra Donald Trump e as suas políticas de imigração, que levaram à separação de centenas de famílias junto à fronteira a sul dos Estados Unidos.

Em Fevereiro deste ano, Sarandon foi ao Congresso norte-americano apelar ao “cessar-fogo permanente” em Gaza. Também em Maio de 2024, a actriz e activista serviu às mesas numa pizzaria nova-iorquina para exigir salários dignos para os trabalhadores da restauração, numa tentativa de "despertar" a sociedade para o problema laboral desta classe.

Sugerir correcção
Ler 3 comentários