Fugas
“No mundo existem mais pessoas boas do que más”
Viajar, comer, dormir, beber. As melhores escolhas para apurar a arte de viver.
Ocorreu um erro. Por favor volta a tentar.
Subscreveu a newsletter Fugas. Veja as outras newsletters que temos para si.
- Agosto, época de plena migração dos animais, é a melhor altura para se fazer um safari no [Maasai] Mara. Há alguns checkpoints até se entrar no circuito de safari propriamente dito e, num deles, um conjunto de mulheres maasai, vestidas com a tradicional shuka, abeira-se das janelas do carro tentando vender bijuteria e outros objectos. Esguias, muito bonitas, a pele irrepreensível, arranjadas com esmero e cor, repetem a abordagem a cada carro. Joseph fala em avistar os "Big Five" como o desafio para estes dias (leão, búfalo, rinoceronte, leopardo, elefante), mas os meus olhos, mais humildes, já estão com as zebras, gnus, gazelas, avestruzes, impalas e os cobos-de-água, cuja carne, diz a lenda, guarda um veneno para afastar os predadores.
Também tem o Quénia nos sonhos? Nairobi, Mombaça, tantos mundos, e, claro, a extraordinária terra dos Maasai? Faça como nós e siga Francisco Noronha pelo Quénia sem pressa, ao ritmo do pole pole, uma viagem real entre o fascínio e a descoberta (e uma ou outra desilusão). Mas sempre de olho vivo, inclusive, como se vê, nos belos retratos que nos mostra. O Francisco aprofunda ainda uma visita a uma cidade a que chama Um mundo à parte no Quénia: Lamu. "Património mundial da UNESCO, a vetusta e serena cidade suaíli é a pérola de charme da costa queniana", assegura. Entre gente carismática e resiliente, boas vistas e boas praias, encontra até um "paraíso perdido". Ficamos de olhos a sorrir para aquele burro que descansa deitado no areal de uma praia e sentimo-nos em sintonia: por Lamu, os burros são essenciais para o trabalho e transporte, mas também são acarinhados e bem tratados: existe até um santuário, que pode ser visitado e que cuida deles. Bons sinais. Vamos?
Enquanto isso, fica o convite mais prático de ir já pela Ecopista do Vouga à descoberta. Foi o que fez Maria José Santana, que usou a ecopista como "desculpa" e andou a serpentear pelas "experiências paralelas". E são apelativas. Ora vejamos: história, gastronomia e vinhos da região de Viseu, "sem deixar as termas de fora" (essenciais!). O passeio foi bom, conta a viajante jornalista, e quando assim é, já se sabe: "Prometemos voltar, para pedalar a Ecopista do Vouga do princípio ao fim", garante. Cá estaremos para ver.
Afinal, todos temos o direito de sonhar com a partida (e o regresso), de fazer planos (e de os pôr em prática), enfim, de fugir de vez em quando, não é? Por várias razões e para, em tempos mais complicados, nos lembrarmos de verdades fundamentais, pilares da nossa Humanidade. Veja-se o caso do Robson Jesus, viajante brasileiro que acaba de receber oficialmente o recorde Guinness para a pessoa que mais rapidamente visitou todos os países (reconhecidos) do mundo (e mais alguns territórios, por acaso). Uma conclusão do Robson, mais de dois anos e de duas centenas de viagens depois, transmitida em entrevista ao Luís Octávio Costa: encontrou "mais pessoas boas do que más". Respiremos fundo. Já ele, a propósito, já está quase a fazer-se ao caminho outra vez, melhor dizendo, aos caminhos-de-ferro. Vai tentar cumprir aquela "mais longa viagem de comboio do mundo", que terminará em Singapura e, naturalmente, começa em... Lagos, Portugal. O Carlos Cipriano já nos tinha contado tudo sobre essa famosa ligação Lagos-Singapura aqui, esquecemo-nos de perguntar ao Robson se tinha lido o Carlos. Já tratamos disso.
-
Sempre cresci a ouvir que vivemos num mundo perigoso, que temos que ter cuidado. O que mais me surpreendeu é a constatação de que no mundo existem mais pessoas boas do que más, que em cada dez pessoas que eu encontrava na estrada, nove eram muito boas e uma mais ou menos. O mundo não é assim tão perigoso. (Robson Jesus)
Há muito mais para ler, ver e inspirar-se esta semana na Fugas. Mas, em jeito de mais uma ideia-destino dos nossos viajantes, deixo-lhe o início do relato da nossa leitora Antónia de Matos Serôdio, a propósito do seu passeio pelos encantos do Camí de Ronda, Costa Brava espanhola:
- A Península Ibérica é um território privilegiado e não sei se temos plena noção disso, se o valorizamos e estimamos como merece. O nosso pequeno rectângulo e o país vizinho distinguem-se e completam-se, simultaneamente, e fazem uma dupla imbatível a nível europeu.
A rematar, lembro que, como acontece agora com a Antónia, temos o prazer e o orgulho de todas as semanas contarmos com a colaboração dos nossos leitores viajantes, uma colaboração colectiva contínua, feita apenas pelo gosto da partilha. Acredite, também gostamos de ser leitores dos nossos leitores. Os relatos de passeios e viagens, dicas e descobertas, são publicados semanalmente na edição em papel - online, a secção pode ser acompanhada aqui: Fugas dos Leitores. Se quiser também partilhar, basta enviar texto e fotos (legendadas com localização ou tema) para fugas@publico.pt.
Bom fim-de-semana e boas fugas!