SIC quer antecipar devolução de 16 milhões para alinhar o “ciclo de tesouraria”

Investidores que aderiram à emissão de dívida de 2021 podem ser reembolsados em Fevereiro, em vez de Junho, recebendo um prémio que cobre a diferença nos juros a que teriam direito.

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Em 2023, o universo da SIC gerou receitas de 156 milhões, menos 2,4% do que em 2022 Nuno Ferreira Santos
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A SIC quer antecipar em quatro meses, de Junho para Fevereiro de 2025, o pagamento de um empréstimo de 16 milhões de euros aos investidores que em 2021 subscreveram títulos de dívida da empresa na emissão “Obrigações SIC 2021-2025”, que a estação chegou a publicitar nos seus canais com rostos conhecidos do canal.

A intenção de fazer o reembolso antecipado foi comunicado ao mercado na sexta-feira, num documento enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) em que a estação do grupo Impresa explica que pretende “alinhar” o pagamento dos 16.131.510 euros “com o ciclo de tesouraria da SIC” e, com isso, organizar as “suas disponibilidades financeiras”.

Em segundo lugar no campeonato das audiências, atrás da TVI, a estação de Paço de Arcos afirma que a alteração é adequada para a “nova fase de desenvolvimento de actividade que a SIC está presentemente a viver, nomeadamente de implementação do seu plano estratégico, conferindo maior flexibilidade ao nível do seu modelo de financiamento e crescimento.”

A alteração só avança se os obrigacionistas que participaram na operação de 2021 a aceitarem. E, para isso, a SIC vem agora convocar uma “assembleia de obrigacionistas”, a realizar a 9 de Dezembro, para que, nessa reunião, os investidores votem a mudança da data do reembolso e as compensações que lhes são apresentadas pela SIC relativamente ao pagamento dos juros.

A proposta que a empresa leva a votos passa por antecipar o reembolso de 11 de Junho para 11 de Fevereiro. Se isso se concretizar, a SIC compromete-se a pagar o valor das obrigações “ao seu valor nominal acrescido de um prémio de reembolso sob a forma de uma remuneração adicional correspondente a 0,15 euros” por obrigação, o correspondente “a 0,50% sobre o valor nominal de cada” título; e, adicionalmente, um “prémio de participação sob a forma de uma remuneração adicional correspondente a 0,245 euros” por cada obrigação detida pelo dono do título de dívida, o que “equivale a cerca de 0,8167% sobre o valor nominal” de cada obrigação dos investidores que “validamente participem na assembleia”.

Em conjunto, os valores em causa totalizam “o valor dos juros que seriam devidos” entre a nova data de reembolso e a anteriormente contratualizada, explica a empresa, na proposta comunicada à CMVM. Quando lançou a emissão, a SIC ofereceu uma taxa de juro fixa bruta de 3,95%.

Este ano, a empresa realizou uma outra emissão de obrigações, a reembolsar em Julho de 2028, na qual conseguiu obter empréstimos no valor de 48 milhões de euros, oferecendo uma taxa de juro de 5,95%. Os 48 milhões levantados junto dos pequenos investidores que se dirigiram aos balcões dos bancos comerciais resultaram de 34,1 milhões de euros de novas obrigações e da troca de 13,9 milhões (os investidores trocaram títulos antigos pela subscrição de novas obrigações).

Quando realizou estas operações, a SIC colocou alguns rostos do canal a publicitarem as emissões de dívida, como aconteceu na última, em que, na página oficial da operação, aparecem, por exemplo, os apresentadores do programa da manhã “Casa Feliz”, João Baião e Diana Chaves.

Segundo os resultados da Impresa de 2023, todo o universo da SIC gerou receitas de 156 milhões de euros, menos 2,4% do que em 2022, e implicou 139,5 milhões em custos operacionais, um recuo semelhante, de 2,3% (neste valor não estão consideradas “amortizações e depreciações, provisões” e perdas em “activos não correntes”).

A diminuição das receitas deveu-se sobretudo à queda do “mercado publicitário dos canais de televisão abertos”. Nesse ano, a SIC generalista ainda foi líder de audiências, posição que perdeu este ano, até agora.

Os resultados anuais contabilizam não só a estação em sinal aberto, mas também os canais nos operadores de telecomunicações (a SIC Notícias, a SIC Radical, a SIC Mulher, a SIC K e a SIC Caras), bem como a plataforma de conteúdos digitais Opto e outros projectos do grupo ligados à televisão (como a SIC Esperança e a SIC Internacional).

Segundo o relatório e contas de 2023, a dívida remunerada líquida da Impresa (da dona da SIC) era de 115,5 milhões de euros no final do ano passado. “Face a 2022, este indicador aumentou 8,2 milhões de euros, mas, ainda assim, trata-se do segundo ano de menor nível de endividamento desde 2005, ano em que a Impresa passou a deter 100% do capital da SIC”, lê-se no documento.

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