UNIFIL acusa Israel de utilizar escavadoras para destruir vedação na fronteira com o Líbano
Força da ONU permanecerá no Líbano “apesar das pressões inaceitáveis”. Declarações surgem um dia depois de seis soldados da paz terem sido feridos num ataque de drone israelita.
As forças de manutenção da paz das Nações Unidas no sul do Líbano acusam as forças israelitas de utilizarem escavadoras e um bulldozer para danificar parte de uma vedação e de uma estrutura de betão, uma "destruição deliberada e directa" que apelidam de "violação flagrante" do direito internacional.
A missão das Nações Unidas, com 10 mil elementos, conhecida como UNIFIL, está estacionada no sul do Líbano para monitorizar as hostilidades ao longo da "linha azul" que separa o Líbano de Israel. Desde que Israel lançou uma campanha terrestre do outro lado da fronteira contra os combatentes do Hezbollah, no final de Setembro, a UNIFIL acusou o Exército israelita (IDF) em várias ocasiões de atacar deliberadamente as suas bases, incluindo disparos contra as forças de manutenção da paz e destruindo torres de vigia.
Nesta última acusação, a UNIFIL afirma que as IDF também removeram um barril que marca a linha azul. Israel nega que tais incidentes sejam ataques deliberados e diz que as tropas da ONU são um escudo humano para os combatentes do Hezbollah, tendo mesmo pedido à UNIFIL para se retirar do sul do Líbano para sua própria segurança - um pedido que a força rejeitou.
"A destruição deliberada e directa pelas IDF de bens da UNIFIL claramente identificáveis constitui uma violação flagrante do direito internacional e da resolução 1701", declarou a UNIFIL, referindo-se à resolução da ONU que determina a cessação das hostilidades no sul do Líbano, aprovada em 2006. "O incidente de ontem, tal como os outros sete incidentes semelhantes, não se trata de uma questão de as forças de manutenção da paz serem apanhadas no fogo cruzado, mas de acções deliberadas e directas das IDF", afirmou a UNIFIL no X (antigo Twitter).
A força das Nações Unidas permanecerá no Líbano "apesar das pressões inaceitáveis que estão a ser exercidas sobre a missão". As declarações da UNIFIL surgem um dia depois de seis soldados da paz terem sido feridos por um ataque de um drone israelita. O incidente matou três libaneses que seguiam num carro que circulava junto ao autocarro da ONU, que estava a atravessar um posto de controlo.
Também esta sexta-feira, os militares israelitas afirmaram ter localizado um centro de treino do Hezbollah a cerca de 200 metros de uma base da UNIFIL no sul do Líbano, equipado com material de estudo e grandes quantidades de armas. A instalação, que foi destruída, continha armas preparadas para disparar contra comunidades israelitas.
Mas um porta-voz da UNIFIL disse que os militares israelitas não tinham partilhado qualquer informação sobre uma alegada instalação do Hezbollah.
Israel acusou as forças da UNIFIL de fecharem os olhos ao facto de o Hezbollah ter construído uma rede de túneis e outras infra-estruturas perto da fronteira com o norte de Israel durante mais de uma década, muitas vezes à vista das suas bases. O porta-voz da UNIFIL disse que a UNIFIL tem informado regularmente o Conselho de Segurança sobre locais suspeitos.