Amadora-Sintra está a trabalhar com a tutela para garantir direitos dos enfermeiros

Dezenas de enfermeiros manifestaram-se em frente ao hospital, exigindo ser abrangidos pelo acordo assinado em Setembro entre o Ministério da Saúde e uma plataforma de cinco sindicatos.

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Enfermeiras chefes do Hospital Amadora-Sintra também escreveram uma carta à tutela, que reuniu 1000 assinaturas de enfermeiros em dois dias, mas ainda não tiveram resposta Manuel Roberto
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A Unidade Local de Saúde (ULS) Amadora-Sintra anunciou esta quinta-feira que está a trabalhar com a tutela para encontrar uma solução que garanta aos seus enfermeiros condições salariais iguais aos restantes enfermeiros do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Dezenas de enfermeiros estiveram concentrados, esta quinta-feira, em frente ao Hospital Amadora-Sintra, num protesto em que exigiram ser abrangidos pelo acordo assinado em Setembro entre o Ministério da Saúde e uma plataforma de cinco sindicatos, que prevê um aumento salarial de cerca de 20% até 2027.

Em comunicado, a ULS Amadora/Sintra esclarece que os profissionais de enfermagem do Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca se encontram abrangidos por um Acordo de Empresa, pelo que não foram contemplados nas alterações publicadas no Boletim de Trabalho e Emprego (BTE) de 24 Outubro 2024, que consubstanciam aumentos remuneratórios.

Mas adianta que "o conselho de administração está a trabalhar em articulação com a tutela, tendo também já agendadas reuniões com as estruturas sindicais, de modo a encontrar uma solução que procure salvaguardar os direitos dos enfermeiros (...) e garanta a igualdade com os restantes enfermeiros do SNS".

A trabalhar há 13 anos na Unidade Local de Saúde Amadora-Sintra, Andreia Almeida, enfermeira do serviço de urgência, afirmou, no protesto, que os enfermeiros estão "extremamente preocupados" com o que lhes parece ser "uma grande injustiça": receberem menos dinheiro do que os enfermeiros do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

"Em 2027, prevê-se que seja uma diferença no nível base de cerca de 340 euros", disse a enfermeira, enfatizando que basta os profissionais procurarem emprego em outro hospital do SNS, mesmo ao lado, para terem "uma valorização remuneratória totalmente diferente".

"Temos todos o mesmo nível de formação e, portanto, não entendemos por que motivo é que agora não somos contemplados por aquela que parece ser a vontade de valorizar a nossa formação e a nossa profissão no SNS", defendeu Andreia Almeida.

Carta escrita por mais de 600 enfermeiros

Enfermeira chefe no hospital, Luísa Ximenes disse à agência Lusa que os enfermeiros decidiram, "de uma forma espontânea", fazer o protesto para tornar público o que já fizeram de forma oficial, através de uma carta escrita por mais de 600 enfermeiros em que apelam à administração para os apoiar.

"Eles amam o seu hospital, gostam do Serviço Nacional de Saúde, onde pertencem e estão por opção, acreditam na reestruturação do SNS e no seu papel primordial num hospital que serve tanta gente, mas não os desmotivem" porque se arriscam a que, "daqui a uns tempos, haja uma debandada", e os poucos que ficarem, "vão ficar altamente desmotivados", alertou.

Segundo Luísa Ximenes, a administração do hospital já garantiu que está do lado dos enfermeiros, apesar de não estar nas suas mãos resolver esta matéria.

"Por isso, apelo a quem nos tem de defender, os sindicatos, que venham rapidamente negociar com a administração, que está aberta para isso, de forma a mantermos o nosso acordo de empresa e acompanhar os aumentos salariais", disse.

As enfermeiras chefes também escreveram uma carta à tutela, que reuniu 1000 assinaturas de enfermeiros em dois dias, mas ainda não tiveram resposta, adiantou.

De acordo com Luísa Ximenes, os enfermeiros da ULS Amadora-Sintra são os que têm, neste momento, o ordenado base mais baixo de toda a função pública: "Ganhamos apenas de base 1300 euros, enquanto os outros ganham mais 80 [euros], e fazemos 36 horas semanais em vez de 35 horas".

"O que acontece é que nós progredimos um pouco mais rápido e é esse direito, que é um direito e não é um privilégio, que alguém tenta tirar fazendo chantagem. Se não perdemos o direito, não somos aumentados e, isso, não vamos permitir", frisou.