Biden promete transição “pacífica e ordeira” para Trump
No primeiro discurso realizado depois da vitória do candidato republicano, o Presidente dos EUA elogiou ainda Kamala Harris e enviou uma mensagem para os apoiantes “não desistirem”.
O Presidente norte-americano Joe Biden prometeu direccionar "toda a sua administração" para garantir "uma transição pacífica e ordeira" de poder no seu primeiro discurso desde a vitória de Donald Trump nas eleições e da concessão de derrota de Kamala Harris, que viu como um "contratempo". O Presidente incentivou ainda os derrotados "não desistir" e fez uma demonstração confiança no sistema eleitoral norte-americano, que chamou de "justo" e "fiável".
Biden apareceu perante jornalistas e membros da sua administração no relvado da Casa Branca e informou que falou com Donald Trump na quarta-feira para lhe dar os parabéns pela vitória.
"Assegurei-o de que iria direccionar toda a nossa administração para trabalhar com a equipa dele, de modo a garantir uma transição pacífica e ordeira. É isso que o povo americano merece", afirmou o Presidente no discurso, no qual acrescentou que tinha falado ainda na quarta-feira com a candidata democrata, Kamala Harris, a quem chamou uma "parceira e uma servidora pública".
"Ela fez uma campanha inspiradora e todos puderam ver algo que aprendi a respeitar desde cedo: o seu carácter", acrescentou Biden, sublinhando a "espinha dorsal" da vice-presidente derrotada nas eleições.
O Presidente dos EUA reafirmou ainda no discurso também a sua crença na "integridade do sistema eleitoral norte-americano", num claro contraste com o levantamento de suspeitas feito por Trump em 2020 e em todo o seu discurso desde então, no qual afirmava que não respeitaria o resultado eleitoral caso perdesse.
"É honesto, justo e transparente e fiável, quer se ganhe ou se perca", disse Biden, tendo mostrado ainda "esperança" para que se possa "restaurar o respeito pelos trabalhadores nas eleições".
Na mensagem, Joe Biden apelou ainda a que se "baixasse a temperatura" da luta política, sublinhando que "as eleições são concursos de visões em competição em que o país escolhe uma ou outra" e em que se aceita "a escolha que o país fez".
"Não se pode adorar o nosso país só quando se ganha, não se pode adorar o nosso vizinho só quando se concorda", disse Biden, que disse esperar, não importando em quem se tenha votado, "que não se vejam uns aos outros como adversários, mas sim como concidadãos americanos".
"Os contratempos são inevitáveis, mas desistir é imperdoável", pediu Biden numa mensagem aos derrotados nas eleições, na qual relembrou uma frase dita pelo seu pai: "Todos nós somos derrubados, mas a medida do nosso carácter (...) é a rapidez com que nos levantamos."
"Derrota não significa que somos derrotados. Perdemos esta batalha, mas a América dos vossos sonhos está a chamar-vos para voltarem a levantar-se", sublinhou, reforçando que os norte-americanos têm de se manter "empenhados em continuar" e em "manter a fé".
Olhando para trás, para os quatro anos do seu mandato, Biden pediu aos membros da sua administração para não se esquecerem "de tudo o que atingiram" durante a sua "histórica presidência".
"Muito do trabalho que fizemos já está a ser sentido pelo povo americano, a vasta maioria só será sentida durante os próximos dez anos. Temos legislação do passado que só agora é que está a entrar em efeito", sublinhou, acrescentando que o "caminho à frente" está "aberto", desde que "se sustenha" esse caminho.
"Juntos mudámos a América para melhor. Agora temos 74 dias – o tempo que resta à presidência de Biden – para acabar o trabalho", afirmou o Presidente.