CGD lucra 1369 milhões e Paulo Macedo anuncia que vai continuar no banco

O banco público anunciou um aumento de quase 40% dos lucros e sublinha que prevê entregar ao Estado dividendos de uma “magnitude relevante”. Presidente revela que vai continuar à frente do banco.

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Paulo Macedo, presidente da CGD CARLOS M. ALMEIDA / LUSA
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A Caixa Geral de Depósitos (CGD) registou um lucro líquido de 1369 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, um resultado sem precedentes na história da instituição que representa um crescimento de 38,7% face ao mesmo período do ano anterior. E o seu actual presidente, Paulo Macedo, aproveitou a ocasião para revelar que vai prolongar as suas funções por mais um mandato.

Em comunicado divulgado esta quinta-feira, o banco destaca que a “Caixa paga ao Estado, em 2024, 4,5 milhões por dia em dividendos e IRC, referentes a 2023 e 2024, num total anual de 825 milhões de euros e 840 milhões de euros, respectivamente”. Sobre este tema, acrescenta ainda que “as entregas ao Estado previstas para 2025, tendo em consideração os resultados já alcançados, terão uma magnitude igualmente relevante”.

A margem financeira (o saldo entre os juros pagos pelos depósitos dos clientes e os recebidos no crédito concedido) subiu apenas 1,5%, para 2121 milhões de euros. O banco público explica que “o crescimento da actividade doméstica impulsionou o crescimento dos juros recebidos e pagos face ao período homólogo, mesmo considerando o decréscimo das taxas de juro nas operações activas da Caixa face aos valores máximos registados no final de 2023”. E, neste indicador, a CGD faz questão de sublinhar que “os juros pagos na remuneração das poupanças cresceram sete vezes, de 81 milhões de euros para 570 milhões, superando a variação dos juros recebidos”.

Assim, a componente que mais influenciou o crescimento dos lucros face ao período homólogo foi aquela relativa às provisões, cuja descida permitiu libertar perto de 600 milhões para sustentar o crescimento dos lucros em quase 400 milhões de euros. Na óptica da CGD, esta variação está “sobretudo relacionada com a actividade da Caixa em Portugal, reconhecendo a melhoria do enquadramento macroeconómico acima do esperado”.

Em conferência de imprensa para a apresentação dos resultados, o presidente do banco, Paulo Macedo, começou por sublinhar o referido valor entregue pela CGD ao Estado, que apontou para 1527 milhões de euros, entre dividendos e IRC referentes a 2023 e 2024. “Temos razões para considerar que foram uns bons nove meses”, acrescentou Paulo Macedo, que registou que o volume de negócios da CGD subiu cerca de 7000 milhões de euros face ao período homólogo, para 144 mil milhões de euros.

Após a divulgação das contas, o antigo ministro da Saúde revelou que irá continuar à frente do banco por mais um mandato, entre 2025 e 2028. Segundo o Jornal de Negócios e o Eco, Paulo Macedo confidenciou que foi "convidado pelo senhor ministro" para prolongar a sua liderança, tendo de seguida afirmado que "a resposta é sim".

No que diz respeito aos resultados, as comissões da Caixa atingiram 437 milhões de euros entre Janeiro e Setembro, numa evolução de 2,6% atribuída também ao aumento do volume de negócios. Por sua vez, os custos de estrutura caíram 1,1%, para 780 milhões de euros. Em comunicado, a CGD destaca a “diminuição no valor de 20 milhões de euros nos custos com pessoal, decorrente de efeitos extraordinários relacionados com o programa de reestruturação de pessoal”.

A nível da actividade internacional, a contribuição para os lucros da CGD foi de cerca de 150 milhões de euros, uma evolução que foi “impactada negativamente por variações cambiais, particularmente Angola (7,5 milhões de euros). Noutras geografias, o BNU Macau e o BCI Moçambique apresentaram contributos para os lucros do grupo de 49 milhões de euros e 51 milhões de euros, respectivamente.

Os resultados das operações financeiras totalizaram 120 milhões de euros, menos 44 milhões de euros face a há um ano, numa evolução afectada “pelo efeito extraordinário associado à extinção do Fundo de Pensões, no valor de 80 milhões de euros, em Fevereiro de 2023. Sem este efeito extraordinário, “os resultados de operações financeiras teriam uma variação positiva de 35 milhões de euros”, explica a CGD em comunicado enviado ao mercado.

Apenas em Portugal, os depósitos de particulares representaram 58.134 milhões de euros, enquanto nas empresas o valor dos depósitos atingiu os 12.588 milhões de euros, tendo ambas as rubricas registado subidas de 5,1% face a Dezembro.

Quanto ao crédito concedido a clientes em Portugal, este avançou 2,8% desde o início do ano, para 46.622 milhões de euros. O crédito a empresas subiu 3,6%, para 20.373 milhões de euros. Para particulares, a subida foi de 2,2%, para 26.249 milhões de euros, sendo a maioria (25.070 milhões de euros) respeitante a crédito à habitação.

No final de Setembro, a CGD contava com 6227 trabalhadores em 512 agências, mantendo o número de balcões, mas com menos 16 trabalhadores, em termos líquidos, face a fim de Dezembro.