Vitória de Trump é terror para Lula e o Brasil

Eleição de Donald Trump nos Estados Unidos reforça a extrema-direita brasileira, que fará de tudo para derrubar a inelegibilidade de Bolsonaro e levá-lo novamente ao Palácio do Planalto em 2026.

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A vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos é uma derrota para a democracia, ao menos no sentido em que a conhecemos hoje, e um terror para o Brasil. Como presidente da maior economia do planeta, Trump tende a impulsionar a extrema-direita, com tudo de ruim que ela carrega, e a tensionar as relações mundiais, que estão esgarçadas com duas guerras longe de acabar — entre Rússia e Ucrânia e entre Israel e os grupos Hamas e Hezbollah.

Para o Brasil, Trump significa o recrudescimento do radicalismo representado por Jair Bolsonaro, que logo tratou de “agradecer a Deus” pela vitória do republicano. O ex-presidente brasileiro acredita que, com o aliado norte-americano no poder, terá apoio suficiente para derrubar, no Congresso, a inelegibilidade de oito anos imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Bolsonaro acredita piamente que, assim como Trump voltará triunfal à Casa Branca, o mesmo acontecerá com ele em 2026, ao Palácio do Planalto.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi dormir na terça-feira (05/11) já sem a esperança de ver as urnas nos Estados Unidos darem vitória a democrata Kamala Harris, e acordou nesta quarta-feira (06/11) com Trump eleito de forma esmagadora. O republicano conseguiu, com seu discurso radical, anti-imigração e protecionista, incutir na maioria dos eleitores norte-americanos que só ele é capaz de “salvar a América”. Trump se aproveitou da persistência inflacionária nos Estados Unidos, reflexo ainda da pandemia do novo coronavírus, e das dificuldades do atual presidente, Joe Biden, em se comunicar com a população.

No Brasil, Lula, apesar de bons números da economia, também vê a popularidade do governo patinar. O desemprego é o menor desde 2014. O número de trabalhadores com carteira assinada é o maior da história. Nunca a renda do trabalho foi tão alta. A economia cresce a um rimo de 3% ao ano e a inflação está próxima da meta, de 4%. Em quase dois anos, mais de 10 milhões de pessoas saíram da pobreza absoluta. Ainda assim, a sensação em boa parte dos brasileiros é de que tudo está ruim, que a vida piorou nos últimos anos.

Lula e os progressistas de esquerda não conseguem mais falar com as massas. Num mundo em que a comunicação é dominada pelas redes sociais, a extrema-direita está dando as cartas, com desinformação, mentiras, pois fala de forma simples, consegue passar uma mensagem que pega corações e mentes. Não foi por acaso que, nas recentes eleições municipais, a direita massacrou e conquistou um número recorde de prefeituras. Bolsonaro não teve a vitória que gostaria, mas conseguiu conquistar terreno em várias partes do Nordeste, maior reduto eleitoral de Lula.

O presidente brasileiro, diplomaticamente, dirá, ao comentar os resultados das eleições dos Estados Unidos, o segundo parceiro comercial do Brasil, que prevaleceu a vontade popular, da maioria dos eleitores. É da democracia. Mas ele sabe que a sua reeleição ficou um pouco mais distante. Se não for Bolsonaro o candidato apoiado por Trump daqui a dois anos, certamente as forças de direita estarão organizadas o suficiente para chegar ao Palácio do Planalto.

Com Trump novamente presidente dos Estados Unidos, os radicais se agigantam para destilar ódio, misoginia, racismo. Tempos sombrios estão por vir.

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