Trump vence eleição presidencial e promete uma “era dourada” para os EUA

Depois de vencer na Carolina do Norte, na Georgia, na Pensilvânia e no Wisconsin, ex-Presidente derrota Harris e regressa à Casa Branca com uma votação histórica. Republicanos reconquistam Senado.

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Trump de regresso à Casa Branca Tiago Bernardo Lopes, Joana Gonçalves, Ivo Neto

Donald Trump venceu a eleição presidencial norte-americana e vai regressar à Casa Branca após uma série de vitórias claras na maioria dos estados considerados decisivos para o desfecho da votação. Ainda antes de ultrapassar os 270 delegados necessários para a maioria do Colégio Eleitoral, o ex-Presidente dos Estados Unidos já tinha reivindicado a vitória, referindo-se a si próprio como o “47.º Presidente” do país.

“Quero agradecer ao povo americano a extraordinária honra de ter sido eleito o vosso 47.º Presidente e o vosso 45.º Presidente (…). Esta noite fizemos história por uma razão e a razão foi simplesmente o facto de termos ultrapassado obstáculos que ninguém pensava serem possíveis de ultrapassar”, disse o Trump aos seus apoiantes, em êxtase, reunidos em West Palm Beach, na Florida. “Vencer o voto popular foi muito bom, muito bom.”

Trump garantiu durante a madrugada a vitória na Carolina do Norte, na Georgia, na Pensilvânia e no Wisconsin, quatro dos estados importantes para o triunfo no Colégio Eleitoral, e lidera a contagem no Michigan e no Arizona. O ex-chefe de Estado republicano alcançou pelo menos 277 votos no Colégio Eleitoral. Para além disso, também vai vencer o voto popular, algo que não conseguiu, por exemplo, quando derrotou Hillary Clinton em 2016.

A cadeia televisiva Fox News já lhe tinha atribuído há algumas horas a vitória na eleição presidencial, assim como ao candidato a vice-presidente, J.D. Vance. Os restantes media norte-americanos demoraram mais a fazê-lo.

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, Emmanuel Macron, Presidente de França, Volodymyr Zelensky, Presidente da Ucrânia, Keir Starmer, primeiro-ministro do Reino Unido, Mark Rutte, secretário-geral da NATO, Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, e Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, entre outros líderes mundiais, já parabenizaram Donald Trump pelos resultados.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também felicitaram o ex-chefe de Estado norte-americano pelo triunfo eleitoral.

“Creio que este é o maior movimento político de todos os tempos”, afirmou Trump, que diz querer “ajudar o país a sarar” e que anunciou uma nova “era dourada da América”. “Este será para sempre recordado como o dia em que o povo americano recuperou o controlo do seu país”, afiançou, rodeado pela família, repetido alguns dos argumentos de campanha relativos à imigração, à criminalidade, à política económica e às relações internacionais.

A par dos familiares e dos seus aliados mais próximos, o republicano agradeceu a Robert F. Kennedy, Jr., que desistiu da corrida para o apoiar – e a quem prometeu um lugar de destaque na Administração – e ao multimilionário Elon Musk, entre outros.

Com os governos de Israel, da Ucrânia e da Rússia seguramente atentos ao discurso do ex-Presidente dos EUA, este assegurou, sem oferecer pormenores, que não vai “iniciar” conflitos. “Não vou iniciar guerras, vou acabar com as guerras. Não tivemos guerras, durante quatro anos [na anterior presidência] não tivemos guerras”, insistiu, reivindicando para si a derrota do grupo islamista Daesh, na Síria e no Iraque.

Por fim, não esqueceu a tentativa de assassínio de que foi alvo, em Julho, na Pensilvânia: “Deus poupou a minha vida por um motivo (...): para salvar o nosso país e para restaurar a grandeza da América”.

Harris em silêncio

Kamala Harris, a candidata democrata, ainda aguarda pelo apuramento dos votos em locais histórica e demograficamente favoráveis aos democratas, mas em quase todas as frentes está a registar resultados aquém dos alcançados por Joe Biden em 2020.

Os democratas estão a perder terreno face a 2020 não só entre a classe média branca, como entre o eleitorado latino e negro, sobretudo entre os homens, como indicaram ao longo das últimas horas sondagens de estações televisivas como a CNN e a NBC News. E também não se confirmou a tese de um "voto silencioso" do eleitorado feminino, de protesto contra as restrições ao aborto possibilitadas pela revogação de Roe vs. Wade pelo Supremo Tribunal dos Estados Unidos, de maioria conservadora.

Este ano, e ao contrário da eleição de 2020, condicionada pela pandemia, também não se espera um grande acréscimo de números para os democratas por via do voto por correspondência que possa inverter o quadro que a esta hora se desenha.

A vice-presidente norte-americana não tinha planos para se pronunciar nesta madrugada (manhã desta quarta-feira em Portugal) sobre os resultados conhecidos destas eleições, mas pode ter de os refazer depois da confirmação da vitória de Trump.

Na Universidade Howard, onde os democratas preparavam as celebrações para uma possível vitória, os seus apoiantes já desmobilizaram e a atmosfera era de desilusão. Contudo, e apesar do cenário desfavorável, a campanha democrata ainda acreditava, há poucas horas, na possibilidade de um caminho para a vitória.

Num email enviado a todos os colaboradores por volta das 23h da Costa Leste (04h em Portugal continental), a direcção da campanha de Harris dizia ainda estar confiante num bom resultado na chamada "muralha azul" – os estados do Wisconsin, Michigan e Pensilvânia, cuja conquista bastaria para alcançar a Casa Branca.

"Sempre soubemos o tempo todo que o nosso caminho mais claro para os 270 votos eleitorais está nos estados da muralha azul. E sentimo-nos bem com o que estamos a ver", lia-se no email, citado pela imprensa norte-americana.

A campanha centrava as suas esperanças sobretudo em Filadélfia (Pensilvânia), em Detroit (Michigan) e nos condados de Dane e Milwaukee (Wisconsin).

Republicanos conquistam o Senado

À perda da Casa Branca, os democratas somam a perda da maioria no Senado. Às 10h30 em Portugal continental, os republicanos controlavam 51 dos 100 lugares da câmara alta do Congresso, com a conquista de dois mandatos aos democratas.

O democrata Sherrod Brown foi derrotado no Ohio pelo republicano Bernie Moreno, na eleição mais renhida da noite, enquanto na Virgínia Ocidental o lugar deixado vago pelo democrata Joe Manchin foi facilmente conquistado por Jim Justice.

No Nebrasca, Deb Fischer segurou o lugar no Senado para os republicanos numa eleição disputadíssima com o independente Dan Osborn.

No Texas, o republicano Ted Cruz acabou por garantir confortavelmente a reeleição. No Montana, os democratas estão ainda em risco de perder o lugar de Jon Tester.

O Partido Republicano também deve manter a maioria na Câmara dos Representantes, segundo as projecções. Com 371 dos 435 lugares declarados, os republicanos lideravam com 195 congressistas contra 176 dos democratas. São precisos 217 membros para a maioria.

Com a Casa Branca, maiorias nas duas câmaras do Congresso e um Supremo Tribunal de maioria conservadora, o ex-Presidente tem caminho aberto para avançar com o seu programa, sem grandes obstáculos. A acusação do Departamento de Justiça por subversão eleitoral em 2020, por exemplo, deve ser rapidamente retirada e arquivada.

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