Demi Moore aponta dedo aos “puritanos, fanáticos religiosos e criminosos” que construíram EUA

Actriz considera que o cenário das eleições norte-americanas é também o reflexo do “medo na América em torno do corpo”.

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Em A Substância, Demi Moore é uma estrela de cinema que se vê ultrapassada devido à sua idade DR
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A actriz norte-americana Demi Moore esteve em França na estreia do filme A Substância, nesta terça, e, citada pela revista Variety, não fugiu ao tema que mais marcava o dia: as eleições nos EUA, relacionando-as com os assuntos abordados pela obra de Coralie Fargeat, que protagoniza.

“A América foi construída por puritanos, fanáticos religiosos e criminosos”, começou por dizer para a audiência da Cinemateca Francesa, em Paris, para concluir: “Estamos a ver isso mesmo nas eleições de hoje.”

E continuou: “A sexualidade é sempre um tabu. E há muito medo na América em torno do corpo. Isso é algo que nunca compreendi ou com o qual nunca me relacionei. Certamente que mexi com o sistema em alguns dos filmes que escolhi, o que se deve em parte ao facto de [nunca ter compreendido esse medo] do corpo. Nunca fez sentido porque é que podemos celebrar o corpo na arte, mas temêmo-lo no cinema.”

Em A Substância, nas salas nacionais desde a semana passada, Moore é Elizabeth Sparkle, uma estrela de cinema que se vê ultrapassada devido à sua idade. Mas, ao ter conhecimento de uma droga que replica as células do corpo, rejuvenescendo e aperfeiçoando a pessoa que a toma, decide testá-la, produzindo uma versão mais jovem de si própria (Margaret Qualley).

“Sendo alguém de uma certa idade, havia mais valor em mostrarmo-nos com total abandono. Estar disposto a ser visto com falhas, com imperfeições, [como alguém que] claramente não tem 20 ou 30 anos, sendo um pouco mais ‘solto’.”

A co-produção entre França, Reino Unido e EUA é uma combinação de terror e “body horror” e foca-se nos perigos da fama, da indústria do entretenimento e da cosmética, assim como na incapacidade da sociedade actual em lidar com o envelhecimento. O filme tem realização, produção e argumento de Coralie Fargeat.

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