Não é a primeira aventura da Hyundai a hidrogénio, cuja exploração remonta a finais do século passado, quando foi criada uma equipa para estudar o potencial desta fonte de energia limpa. Mas, embora exalte a sua história, preferiu marcar, agora, um momento inicial. Ou, pelo menos, assim o indica o nome escolhido para a sua mais recente aventura a hidrogénio. O Initium, ainda em fase de concept, que chega com objectivos ambiciosos: ser lançado no mercado sul-coreano no primeiro semestre do próximo ano.
O veículo eléctrico com célula de combustível de hidrogénio (FCEV, de fuel cell electric vehicle) foi revelado no evento Clearly Committed, realizado no Hyundai Motorstudio, em Goyang, a 31 de Outubro, e, diz a marca, “reflecte o claro compromisso em alcançar uma sociedade de hidrogénio sustentável”. Jaehoon Chang, presidente e CEO da Hyundai Motor Company, frisou ainda, citado em comunicado, que o emblema acredita no “potencial [do hidrogénio] como uma energia limpa, acessível e, portanto, justa para todos”.
No entanto, o responsável, durante o evento realizado a norte de Seul, admitiu que os veículos movidos a hidrogénio “não são do tipo rentável”. Ainda assim, citado pela Bloomberg, Chang sublinhou o empenho da Hyundai com o hidrogénio: “Seja como for, estamos a insistir e a tratar do assunto como se fosse uma missão nossa.”. E, nem quando questionado pelos jornalistas sobre o abrandamento do crescimento da procura de veículos eléctricos, o responsável se revelou desmoralizado, considerando ser apenas uma questão de tempo até que a indústria automóvel adopte mais amplamente os sistemas de propulsão electrificados.
O Initium, que já revela muito do modelo de produção a ser lançado em 2025, chega, face ao Nexo, com melhorias na autonomia, anunciada de até 650 quilómetros, no desempenho, com um motor eléctrico de 150 kW (200cv), mas também no espaço e na funcionalidade, com o propósito de conquistar famílias. Já as linhas são as de um SUV, o formato mais procurado actualmente, a representar mais de metade das vendas europeias.
O automóvel, avança a Hyundai, inclui um configurador de rotas específico, que vai ao encontro de um dos maiores problemas para os compradores do FCEV: a infra-estrutura de carregamento (ou a quase inexistência dela, no caso nacional). “Com este recurso, os utilizadores podem traçar uma rota ideal”, encontrando estações de carregamento ao longo do caminho, com informações sobre acessibilidade e estado de funcionamento, além de número de veículos em espera.
O Initium chega ainda equipado com funcionalidade vehicle-to-load (V2L), permitindo recorrer ao automóvel para fornecer energia a pequenos aparelhos, de uma torradeira a uma máquina de café, sendo que, especificam, “o terminal externo pode ser projectado para se conectar directamente a uma tomada doméstica de 220V, transformando o Initium não apenas num meio de transporte, mas também em um potencial fornecedor de energia”.
O lançamento do concept foi usado ainda para estrear uma nova linguagem de design, denominada de Art of Steel (arte do aço), que se distingue pelas formas sólidas e robustas, ao mesmo tempo que integra detalhes de elegância. “O nosso desafio começou na fase de construção, onde levámos as capacidades de moldar o aço ao extremo para criar uma forma de arte”, explicou SangYup Lee, o vice-presidente executivo e director de Design Global da Hyundai e Genesis, citado em comunicado.
De Janeiro a Setembro, as vendas de automóveis a hidrogénio representaram menos de 0,5% do total de entregas domésticas da Hyundai, ou cerca de 2400 unidades, de acordo com dados do fabricante de automóveis, detalha a Bloomberg. No mesmo período, na Coreia do Sul, a Hyundai vendeu 30.942 veículos eléctricos alimentados por bateria.
O Hyundai Nexo a FCEV nunca chegou a ser lançado em Portugal, estando presente na Europa em mercados seleccionados, como a Alemanha ou o Reino Unido. O único modelo a integrar o mercado luso a hidrogénio foi o Toyota Mirai, mas a ausência de uma rede de carregamento ditou que não vingasse.