Linha de Apoio Psicológico para Cuidadores Informais recebeu 279 chamadas até Outubro

Chamadas deram lugar a 90 consultas, 49 delas presenciais e 41 online, adiantou o psicólogo André Louro, acrescentando que a maioria dessas chamadas foi feita por mulheres.

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As pessoas que ligam para a linha de apoio queixam-se sobretudo de estarem sobrecarregadas com um trabalho que ocupa as 24 horas do dia e nas quais estão constantemente a cuidar do outro Jose Fernandes
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A Linha de Apoio Psicológico para os Cuidadores Informais, da associação Europacolon Portugal, recebeu 279 chamadas desde o início do funcionamento, sobretudo de mulheres cuidadoras que se queixam da sobrecarga de um trabalho que ocupa 24 horas do dia.

Quando se assinala o Dia Mundial do Cuidador Informal, o coordenador da Linha de Apoio fez um balanço do funcionamento deste serviço e adiantou que desde que entrou em funcionamento, em Setembro de 2023, e até ao dia 3 de Outubro, receberam "cerca de 279 chamadas".

"Dessas chamadas foram transformadas em 90 consultas, em que 49 delas foram presenciais e 41 online", adiantou o psicólogo André Louro, acrescentando que a maioria dessas chamadas foi feita por mulheres.

O responsável explicou que é feita uma triagem, consoante as necessidades da pessoa que liga, porque esta é uma linha que presta apoio psicológico, apesar de haver quem ligue a pedir informações ou a pedir outro tipo de ajudas, como uma cadeira de rodas ou uma cama articulada.

"A função desta linha não é isso, a função é sobretudo ajudar as pessoas no sentido de lidar melhor com a situação pela qual estão a passar e terem um melhor autocuidado delas próprias e conseguirem também dar o cuidado a quem cuida", apontou André Louro.

Adiantou que a criação da linha surge na sequência de um estudo que concluiu que "a melhor forma de as pessoas [cuidadoras] acederem a este tipo de apoio era através da linha de telefone".

"Primeiro, porque é de âmbito nacional, portanto, qualquer pessoa, em diferentes partes do país, pode ligar para a linha, segundo não precisa se deslocar, porque muitas vezes acabam por estar sobrecarregados a ter que cuidar", salientou.

De acordo com o responsável, no processo de triagem são analisadas as situações que podem ser imediatamente resolvidas e as que precisam de acompanhamento, sendo que neste último caso podem ser encaminhadas para consultas presenciais, caso o cuidador resida na zona do Porto, onde a associação tem sede.

Quando tal não é possível, a consulta pode ser feita à distância, tanto por telefone como online.

"Fazemos uma avaliação psicológica consoante as necessidades. Depois, a partir daí, o que trabalhamos com as pessoas é sobretudo [analisar] que recursos é que elas têm, que recursos é que não têm e o que é que é preciso fazer para ter esses recursos", explicou o psicólogo.

Nesse processo, os três psicólogos que trabalham na linha ajudam a pessoa cuidadora a "ventilar as suas emoções" para que ela consiga "reestruturar as ideias, os pensamentos", o que "também alivia".

Trabalham também no sentido de ajudar a que as pessoas sejam proactivas a encontrar soluções, seja na procura de apoio na rede de amigos ou família, seja a melhorar a comunicação já que, apontou André Louro, ainda há muita vergonha no momento de aceitar que é preciso ajuda.

Explicou que também é trabalhada a necessidade do autocuidado, salientando que só é possível ajudar a pessoa cuidada se a pessoa cuidadora estiver bem.

De acordo com o responsável, as pessoas que ligam para a linha de apoio queixam-se sobretudo de estarem sobrecarregadas com um trabalho que ocupa as 24 horas do dia e nas quais "estão constantemente a cuidar do outro".

A linha, que funciona através do número 808 200 199, estava inicialmente pensada para funcionar pelo período de um ano, até Setembro de 2024, mas a associação conseguiu garantir financiamento para que ela se mantenha operacional até ao final do ano.

André Louro disse ainda que estão agora a tentar garantir financiamento que mantenha a linha em funcionamento por mais um ano.