Lutadores brasileiros de MMA alegam que foram abandonados por agentes na Polônia

Rafael Pessoa Nunes e Cemey Soares dos Santos dizem que o manager Jean Felipe não cumpriu o que foi acordado quando ele os levou do Brasil para Varsóvia. Agente diz que falará por meio de advogados.

Foto
Os lutadores de MMA Cemey Soares dos Santos e Rafael Pessoa Nunes dizem que as promessas feitas pelo agente que os contratou não se confirmaram Arquivo pessoal
Ouça este artigo
00:00
03:58

Os artigos escritos pela equipa do PÚBLICO Brasil são escritos na variante da língua portuguesa usada no Brasil.

Acesso gratuito: descarregue a aplicação PÚBLICO Brasil em Android ou iOS.

Dois lutadores brasileiros de MMA, Rafael Pessoa Nunes, 34, e Cemey Soares dos Santos, 30, entraram em rota de colisão com o agente Jean Felipe, que os levou para Varsóvia, na Polônia com a promessa de alavancar a carreira deles. Os atletas dizem que o agente não cumpriu o prometido e os teria submetido a privações, inclusive, alimentares. Procurado pelo PÚBLICO Brasil, Jean disse que só se manifestaria depois de conversar com seus advogados.

Rafael e Cemey, que estão há uma semana na Ilha de Tenerife, nas Canárias, Espanha, asseguram que foram abandonados em um hostel em Varsóvia por quase um mês, sem dinheiro, fazendo uma refeição por dia a base de arroz e carne de porco e com ameaça de despejo. Eles foram levados para a Espanha por um agenciador de atletas que se apresenta como Chemen Plasencia Gonzalez.

Lutador na categoria peso pesado de MMA, Rafael havia retomado recentemente à carreira depois de uma pausa de dois anos. Cemey, por sua vez, estava em ascensão nas disputas de até 93 quilos. Os dois, no entanto, acreditavam que lhes faltava uma carreira no exterior, onde pudessem ganhar dinheiro suficiente para eles e, claro, para ajudar as famílias. Por isso, aceitaram viajar até a Polônia para, a partir dali, lutarem nos ringues de várias partes do mundo.

Segundo Rafael e Cemey, que treinavam juntos numa academia de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, Jean apresentou a eles um roteiro promissor de lutas. “Tinha recém-retornado às lutas, e vencido uma. Estava cheio de sonhos”, diz Rafael. “Vi naquele contato uma boa chance para a minha carreira”, acrescenta Cemey. Promessas feitas, os lutadores aceitaram as condições impostas por Jean. Na primeira luta que vencessem, pagariam todas as despesas assumidas pelo manager com passagens aéreas, hospedagem e alimentação. Para Rafael e Cemey, tudo parecia justo.

Muitas decepções

O primeiro a deixar o Brasil foi Cemey, em 26 de setembro. Ele entrou na Europa por Lisboa. Mesmo sem bilhete de volta, conseguiu passar pela imigração ao apresentar o cartaz da luta que faria na Alemanha, no dia 28. “Até aí, tudo estava correndo bem. Cheguei na Alemanha, fiz uma luta, venci, comi do bom e do melhor”, relata. “Na hora, porém, de receber meu prêmio de 2 mil euros (R$ 12,4 mil), Jean me repassou apenas em 300 zlótys (R$ 434 ou 70 euros), a moeda da Polônia. Era muito pouco”, afirma.

Cemey ficou desconfiado de que algo começava a dar errado e conversou com Rafael, que estava para chegar. O amigo embarcou em 30 de setembro para a Polônia, com escala em Amsterdã. Rafael, no entanto, tinha passagem de volta, para 17 de dezembro. “Cheguei já sabendo o que havia acontecido com Cemey. Mas combinamos de seguir em frente, pois tínhamos promessas de mais lutas”, conta Rafael.

Conforme os dois atletas, dias depois de Rafael pisar em Varsóvia, eles passaram a se comunicar com Jean apenas por mensagens no WhatsApp. Os lutadores afirmam que cobravam um calendário de lutas, mas não obtinham as informações. Nem mesmo a apresentação de Rafael marcada para 3 de novembro, na Rússia, aconteceu.

“Fiquei muito entusiasmado, mesmo com tudo o que estava acontecendo. Afinal, o cachê dessa luta na Rússia seria de 2 mil dólares (R$ 12,4 mil ou 1,9 mil euros), mais 2 mil dólares em caso de vitória”, diz Rafael. Quando o manager disse que “a luta havia caído”, a decepção foi geral. “Estamos realmente muito tristes com tudo o que estamos passando. Se precisar, recorreremos à Justiça para garantir nossos direitos”, assinala. “Agora, é acreditar que as coisas darão certo na Espanha, onde já estamos treinando, mas ainda sem lutas marcadas”, complementa.

Sugerir correcção
Comentar