Trabalhadores da Boeing aceitam novo acordo e põem fim a sete semanas de greve
Acordo que repõe construção do 737 Max do grupo norte-americano inclui aumentos salariais de 38% em quatro anos
Os trabalhadores da construtora aeronáutica Boeing aceitaram um novo acordo laboral, pondo fim a uma greve de mais de sete semanas de cerca de 33.000 funcionários nos Estados Unidos.
Depois de ter rejeitado duas propostas, o IAM-District 75, uma secção do sindicato dos operadores de ferramentas electromecânicas (IAM), declarou na segunda-feira à noite que 59% dos membros aprovaram o acordo, que inclui aumentos salariais de 38% em quatro anos. No entanto, a Boeing recusou-se a satisfazer a exigência dos grevistas de restabelecer um plano de pensões da empresa congelado há quase uma década.
A construtora afirmou que a retoma da produção poderá demorar “algumas semanas”, em parte porque alguns trabalhadores poderão necessitar de nova formação.
O salário médio anual dos operadores de ferramentas electromecânicas da Boeing é actualmente de 75.608 dólares (69.495 euros) e, gradualmente, vai aumentar para 119.309 dólares (109.664 euros) ao abrigo do novo contrato, indicou a empresa.
De acordo com o The New York Times, a maioria dos grevistas estava ligada às fábricas da área de Seattle, onde se produzem diversos aviões comerciais, com destaque para o 737 Max (que tem um peso da ordem dos 75% dos 6200 aviões encomendados ao fabricante norte-americano).
O novo presidente executivo da empresa, Kelly Ortberg, afirmou estar "satisfeito" com o acordo alcançado. “Apesar dos últimos meses terem sido difíceis para todos, fazemos parte da mesma equipa", disse o gestor, que assumiu as rédeas da Boeing em Agosto, depois de vários problemas ligados à segurança dos aviões e à gestão da empresa. Ortberg anunciou em Outubro que ia cortar cerca de 10% da força de trabalho, para reduzir custos. Ao todo, serão afectados perto de 17.000 postos de trabalho.
No dia 23 de Outubro, a empresa divulgou um prejuízo de 6,17 mil milhões de dólares no terceiro trimestre, elevando as perdas nos nove meses do ano para perto de oito mil milhões.
O Financial Times cita os dados de um analista do Bank of America, Ron Epstein, que estima os custos com a greve em cerca de 50 milhões de dólares por dia, o que dá uma despesa da ordem dos 2,7 mil milhões de dólares para a Boeing.