Funcionário judicial condenado por corrupção no E-Toupeira foi promovido
José Augusto Silva foi corrompido a troco de bilhetes e camisolas do Benfica e condenado por corrupção, após aceder a processos e passar informações a Paulo Gonçalves, antigo responsável das “águias”.
José Augusto Silva, funcionário judicial condenado no âmbito do processo E-Toupeira, foi promovido a escrivão de direito, numa decisão interna e sem publicação oficial em Diário da República. A notícia é avançada esta segunda-feira pelo Correio da Manhã, que teve acesso aos documentos que detalham esta promoção.
De acordo com o jornal diário, foram destacadas as capacidades técnicas deste funcionário, bem como a experiência e competência para as funções de escrivão. Em Fevereiro de 2023, José Augusto Silva foi condenado a uma pena de prisão de cinco anos, suspensa por igual período. Após ser afastado de funções, foi reintegrado no sistema judicial após várias contestações.
O tribunal deu como provado que o funcionário judicial foi corrompido por Paulo Gonçalves, ex-director jurídico do Benfica, a troco de bilhetes e camisolas do clube da Luz. O antigo responsável do Benfica está agora envolvido num outro processo, sendo recentemente acusado, juntamente com o antigo presidente Luís Filipe Vieira, de um crime de corrupção activa e outro de fraude fiscal qualificada.
Buscas ao Estádio da Luz permitiram às autoridades encontrar no gabinete de Paulo Gonçalves cópias de documentos judiciais, extraídos do sistema informático Citius, onde são tramitados, entre outros, os inquéritos criminais. Segundo as autoridades, José Augusto Silva usou as credenciais de acesso a este sistema para consultar em múltiplas ocasiões os diversos processos em que o Benfica estava envolvido, reportando depois as novidades ao responsável dos "encarnados".
Esta irregularidade deu origem ao processo E-Toupeira, no qual se investigaram estes acessos ilegítimos. Na vigilância feita a José Augusto Silva foi possível registar viagens até ao Estádio da Luz, com direito a múltiplas regalias, incluindo fotografias com jogadores nas garagens, camisolas e lugar de estacionamento.
Apesar de Paulo Gonçalves ser na altura funcionário do Benfica, o clube não foi julgado no caso. As autoridades não conseguiram produzir provas que comprovassem que a conduta do antigo director jurídico tivesse sido mandatada pelos responsáveis dos órgãos sociais das "águias", não tendo ficado provado que o Benfica tivesse tentado ou conseguido beneficiar destas irregularidades.
Paulo Gonçalves saiu do Benfica após o rebentamento deste escândalo, sendo condenado em primeira instância a dois anos e seis meses de prisão, também com suspensão da pena. Já em Abril, o Tribunal da Relação de Lisboa confirmou a condenação de Paulo Gonçalves e de José Augusto Silva neste caso.