A inteligência artificial pode ajudar imigrantes a começar um negócio?

Aproveite o potencial das tecnologias digitais, inspire-se em pessoas com histórico e um percurso confiável. Empreender nunca será fácil, mas você não saberá se tem jeito para a coisa se não tentar.

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Todo mundo que tem o desejo de empreender, seja em Portugal, seja no Brasil, vai se deparar com diversas dificuldades. Acredite: não basta só força de vontade ou investimento inicial. Há quem tenha o capital e as informações necessárias, mas o negócio não vinga, simplesmente porque, para além das diferenças culturais, da variação da língua, dos hábitos de consumo e tantos outros aspectos, é preciso ir além.

Por outro lado, há quem tenha excelentes habilidades e ideias de negócios inovadoras, mas não sabe por onde começar, desconhece as ferramentas e as possibilidades e não pode pagar por consultorias. E, lembrando, não basta só saber fazer a melhor feijoada do mundo ou ser uma excelente cabeleireira e ter muitos seguidores no Instagram. É preciso ter acesso às informações corretas, capacitação e formação para além do que você já sabe fazer.

Há alguns meses, o desenvolvimento das inteligências artificiais generativas tem se popularizado nas redes sociais. Basta um clique e logo somos abarrotados por uma infinidade de vídeos mencionando dezenas de IA, de todo tipo, para fazer qualquer coisa. É tanta informação que o excesso mais atrapalha do que ajuda. Longe do determinismo dos que defendem que as tecnologias digitais são um enorme “bicho-papão” ou dos que acreditam em tudo o que veem, devido à falta de educação para as novas mídias que estimulem o pensamento crítico dos usuários, há um meio-termo do qual podemos tirar algum proveito.

Quem acompanha esta coluna sabe que minha posição como pesquisadora é a de olharmos sempre com desconfiança para as benesses da Era Digital. Ao mesmo tempo, e sabendo que as IA já estão por todo lado, quer queira ou não, que tal fazermos elas trabalharem por nós? Isso mesmo, inteligências artificiais como o ChatGPT, a mais popular atualmente, e o Gemini, lançado pelo Google em 2023, podem ajudar a tirar aquela ideia da cabeça e transformá-la num plano de negócios. Inclusive, para entender os primeiros passos de como empreender em um novo país.

Essas dicas vão para quem não pode pagar por uma consultoria empresarial ou um profissional de contabilidade no momento, mas sente que pode avançar um pouco mais na realização do sonho de ter um negócio ou trabalhar por conta própria. O primeiro passo você já deu, emigrou, abriu mão de muita coisa. E se sente que tem perfil empreendedor e pretende arriscar abrindo o seu próprio negócio, comece anotando suas ideias no papel.

Pense no produto ou serviço, no conceito, na solução que você tem para o seu futuro cliente. E vá além, idealize o seu público-alvo, imagine quem é ele, o que gosta, onde está, o perfil de compra. Depois de esboçar as principais ideias, abra o aplicativo do ChatGPT ou do Gemini e inicie uma conversa. Solicite que a IA crie um plano de negócios para você a partir dos tópicos que já pensou. Com o roteiro que será criado, comece a refletir sobre cada ponto.

As inteligências artificiais são capazes de fazer análises complexas, obviamente, se receberem o comando ou a pergunta certa. É possível gerar planilhas de custos, previsão de receitas e despesas, fazer análises de risco, textos descritivos, ideias de conteúdo e uma infinidade de ferramentas que são necessárias para quem quer empreender. Explore os recursos e possibilidades.

Mas não se iluda. A máquina não vai decidir por você. Essa tarefa de escrever, pensar, refletir e tomar decisões continua sendo exclusivamente dos humanos. O que a IA vai fazer é começar a desenhar um ponto de partida. E quanto mais você perguntar a ela, mais respostas ela irá trazer, inclusive, sobre programas de apoio ao empreendedorismo, financiamento, legislação, impostos.

Essa etapa de idealização e planejamento poderá levar meses. Mas, atenção: faça a checagem das informações, não copie e cole como se a produção textual fosse sua. Como são inteligências artificiais que vão à Internet buscar informações que já existem, pode ser que determinado conteúdo possa ter direito autoral ou de propriedade intelectual. Ou seja, a ideia é facilitar o seu início e não arranjar um processo no futuro. Como tudo na vida, utilize-as com cautela.

Recorra a canais no YouTube de especialistas em Portugal, converse com pessoas que já passaram por essa primeira etapa e tem um negócio estabelecido. O PÚBLICO Brasil tem publicado diversas histórias de brasileiros que começaram do zero e estão gerando empregos e contribuindo para o desenvolvimento do país. Inspirem-se nelas, em histórias reais, para além de relatos nas redes sociais, muitas vezes de produtores de conteúdo que espalham informações falsas para ganhar visualizações.

Depois que tiver “certezas” de que sua ideia é viável, de que existe mercado e de que você domina a área em que pretende empreender, aí, sim, busque ajuda. Diversas instituições oferecem suporte gratuito, da ideia à implementação. A fonte mais confiável é o Instituto do Emprego e Formação Profissional, conhecido como IEFP, responsável pelo Programa de Apoio ao Empreendedorismo e à Criação do Próprio Emprego e pelo Empreende XXI. Ambos são programas do governo que oferecem suporte, desde formações gratuitas até financiamento, microcrédito de até 20 mil euros (R$ 136,4 mil) e orientação técnica. Todas as informações estão disponíveis em: IEFP Empreendedorismo.

Inteligências Artificiais como o ChatGPT e o Gemini oferecem versões gratuitas. Você não precisa pagar por planos nem gastar dinheiro até reunir todas as informações para, assim, avançar na criação do próprio emprego e negócio. Aproveite o potencial das tecnologias digitais, inspire-se em pessoas com histórico e um percurso confiável. Empreender nunca será fácil, mas você não saberá se tem jeito para a coisa se não tentar.

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