Ministério pede inquérito ao INEM sobre mortes por atrasos na linha 112

Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar revelou que nos últimos dias se registaram dois óbitos por atrasos no atendimento na linha de emergência.

Foto
Faltam técnicos de emergência pré-hospitalar para atender chamadas nas centrais de emergência Daniel Rocha
Ouça este artigo
00:00
02:54

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

O Governo pediu uma auditoria interna ao Instituto Nacional de Emergência Médica para avaliar as condições em que ocorreram duas mortes nos últimos três dias por alegado atraso no atendimento na linha 112, anunciou o Ministério da Saúde.

Em comunicado, a tutela adianta que tem estado a acompanhar toda a situação que envolve o atraso das respostas do INEM no atendimento de duas chamadas de emergência e lamenta "as mortes ocorridas, cujas circunstâncias estão a ser averiguadas". Segundo a mesma fonte, a secretária de Estado da Gestão da Saúde, Cristina Vaz Tomé, já solicitou ao presidente INEM, Sérgio Janeiro, uma auditoria interna para "a avaliação pormenorizada das condições em que decorreram as duas situações em causa".

A auditoria, que deve estar concluída no prazo de um mês, irá também avaliar "os atrasos que estão a ser sentidos no atendimento de outras chamadas de emergência, numa altura em que os técnicos de emergência pré-hospitalar se encontram a realizar uma greve de zelo". O Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar revelou, no sábado, que duas pessoas morreram nos últimos três dias por atrasos no atendimento na linha 112, considerando que as condições continuam a agravar-se "por escassez" de profissionais.

O presidente do sindicato, Rui Lázaro, contou que este sábado na freguesia de Molelos, Tondela, um familiar de uma mulher de 94 anos em paragem cardíaca conseguiu ligar para a linha de emergência às 9h34, mas a chamada só foi transferida para o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) às 10h19, ou seja, cerca de 45 minutos depois. A nonagenária ainda foi transportada para o centro hospitalar de Lamego, onde foi declarado o óbito.

Na passada quinta-feira, em Bragança, a mulher de um homem em paragem cardíaca esteve mais de uma hora a tentar ligar para o 112 e, quando foi atendida, explicou que o marido estava naquela situação há mais de uma hora e que, durante todo aquele tempo, ninguém atendeu, prosseguiu o mesmo dirigente sindical. Se a chamada tivesse sido atendida e activada uma viatura médica do hospital de Bragança que se encontrava àquela hora a cerca de dois minutos, "o desfecho da situação poderia ter sido outro". Neste caso, o óbito foi declarado no local.

Em comunicado, o sindicato adianta que "estes exemplos de colapso do sistema de emergência médica" se sucedem e sublinha que, "na última segunda e quinta-feira", existiram no CODU "mais de cem chamadas em simultâneo em espera para serem atendidas".
Acrescenta que, também na quinta-feira passada, um acidentado grave, por não conseguir ver a sua chamada atendida nas centrais do Instituto Nacional de Emergência Médica, "acabou na urgência transportado pela filha", não tenho havido consequências fatais.

O sindicato afirma que exemplos como estes "sucedem-se frequentemente", pois "o baixo número de técnicos de emergência pré-hospitalar para atender chamadas nas centrais de emergência, bem como o elevado número de meios encerrados por falta destes técnicos, tem aumentado". E afirma que não deixará de denunciar estas situações até que sejam adoptadas medidas concretas para "a reversão do caos" em que os serviços médicos de emergência se encontram.