Sondagem do Iowa surpreende com ligeira vantagem para Harris
Inquérito mostra força da candidata entre as mulheres no estado tipicamente republicano, onde Trump obteve margens confortáveis nas duas últimas presidenciais.
Uma sondagem de uma empresa bem cotada mostra a vice-presidente Kamala Harris com uma ligeira vantagem sobre Donald Trump no estado do Iowa, um estado considerado pela maioria dos analistas republicano de modo tão sólido que nenhum dos candidatos se focou nele nos seus discursos finais, e que nenhuma previsão via como tendo potencial de virar para o campo democrata.
A sondagem, de Des Moines Register-Mediacom, divulgada este sábado, 2 de Novembro, três dias antes do dia das eleições, mostra Harris com uma vantagem sobre Trump de 47% para 44%, números inesperados dado que o antigo Presidente estava à frente na sondagem de meados de Setembro.
Em Junho, Trump tinha uma diferença de 18 pontos percentuais sobre o Presidente, Joe Biden, antes de este ter anunciado que desistia da corrida.
A sondagem foi conduzida entre os dias 28 e 31 de Outubro, com 808 eleitores prováveis, incluindo pessoas que já votaram antecipadamente e pessoas que dizem que irão votar com certeza. Tem uma margem de erro de 3,4 pontos percentuais e foi levada a cabo pela Selzer & Co., uma empresa liderada pela especialista Ann Selzer.
Os resultados surpreenderam tanto os observadores políticos como os especialistas em sondagens. O Cook Report, que faz análise não partidária, tinha classificado o Iowa como “solidamente republicano” na sua escala, querendo dizer que a corrida não era considerada competitiva.
De acordo com a sondagem, a ligeira vantagem para Harris deveu-se à escolha de mulheres, em especial mais velhas ou politicamente independentes. Entre as mulheres independentes, 57% preferiram Harris e 29% Trump, um aumento da diferença registado em Setembro, quando deram a Harris uma vantagem de apenas cinco pontos percentuais.
Em Setembro, quando a vantagem de Trump diminuiu com a entrada de Harris na corrida, Selzer tinha afirmado que a corrida no estado tinha registado uma mudança “significativa”. “Não diria que quatro pontos [de vantagem para Trump] é confortável”, declarou ao jornal Des Moines Register.
O estado votou pela última vez num candidato democrata em 2012, por uma pequena margem, quando o então Presidente Barack Obama foi reeleito.
O conselheiro de Trump Jason Miller desvalorizou a sondagem, numa conversa breve com um grupo de jornalistas no sábado à noite, apontando para outra sondagem que mostra uma vantagem para Trump e lembrando que no passado houve diferenças entre as sondagens e os resultados. Miller recordou, por exemplo, uma sondagem de 2020 em que Joe Biden liderou com 17 pontos de vantagem no Wisconsin, acabando por vencer por uma margem curta aquele estado. “Em cada ciclo [eleitoral], há uma sondagem idiota”, declarou.
A governadora republicana do Iowa, Kim Reynolds, também criticou a sondagem numa publicação na rede social X. “O Presidente Trump vai ganhar no Iowa se formos votar e levarmos os nossos amigos a votar”, escreveu, dizendo que os republicanos estavam à frente no voto antecipado. “Vamos mostrar que o Des Moines Register está errado outra vez!”
Em Setembro de 2018, durante uma eleição renhida para o cargo de governador, a sondagem tinha Kim Reynolds atrás do democrata Fred Hubbel, dentro da margem de erro, 41% para 43%. Reynolds acabou por vencer por uma pequena margem.
Trump venceu o Iowa com grandes margens nas duas últimas eleições presidenciais. Em 2020, com Biden, com oito pontos percentuais de diferença. E em 2016, com Hillary Clinton, por uma margem de 9,4 pontos.
Dois dos congressistas republicanos do Iowa, Mariannette Miller-Meeks e Zachary Nunn, estão a concorrer na reeleição para a Câmara dos Representantes. O Cook Report considerou ambas as candidaturas como empates.
“É difícil para alguém dizer que tinham imaginado isto”, disse Selzer ao Des Moines Register. “Ela passou claramente para uma posição de liderança”, afirmou, referindo-se a Harris.
*com Hannah Knowles. Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post