Em 2022 e 2023, um jornalista foi assassinado a cada quatro dias

Este sábado assinala-se o Dia Internacional pelo Fim da Impunidade de Crimes contra Jornalistas. Desde 1993, 85% dos casos estão por resolver. Em 2024 já se contabilizam 135 mortes de jornalistas.

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Uma manifestação pela visibilidade das mortes de jornalistas no conflito entre a Rússia e Ucrânia, em 2022 ROMAN BALUK / REUTERS
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O mais recente relatório da UNESCO revela que, em 2022 e 2023, se registou um aumento de 38% nas mortes de jornalistas em relação a anos anteriores. Houve um total de 162 mortes naqueles 24 meses. Em média, a cada quatro dias foi morto um jornalista “apenas por desempenhar a sua função vital de cobrir a verdade”, explica Audrey Azoulay, directora-geral da UNESCO em comunicado publicado na página do Observatory of Killed Journalists.

Contudo, e pela primeira vez desde 2017, a maioria das mortes de jornalistas em 2023 ocorreu em zonas de conflito. Neste ano, a Palestina foi o país com o maior número de jornalistas mortos no exercício das suas funções, contabilizando 24 mortes, segundo o Comittee to Protect Journalists (CPJ).

Estes dados contemplam menos de três meses do agravar do conflito do Médio Oriente. Os números no final de 2024 serão substancialmente superiores devido à quantidade de jornalistas que morreram em Gaza, Israel e no Líbano. Desde a última verificação dos dados fornecidos por este comité, em 2024 já se contabilizam 135 mortes de jornalistas.

Os jornalistas que cobrem os conflitos nas zonas de guerra enfrentam ameaças e perseguições sucessivas. A Al Jazeera, por exemplo, tem sido alvo de vários ataques e denuncia consistentemente a "perseguição sistemática" dos seus jornalistas na Palestina. Israel justifica os ataques e opressões com a suspeita de uma ligação entre aquele órgão de comunicação e o Hamas.

Regressando aos dados de anos completos, a impunidade é das questões mais alarmantes. Desde 1993, cerca de 85% dos casos de homicídios de jornalistas permanecem sem solução ou foram abandonados, aponta o relatório da UNESCO. Este número, apesar de insuficiente, representa uma melhoria face aos 89% registados em 2018. Ainda assim, mostra que apenas 186 casos foram resolvidos, de um total de 1721. Os bem-sucedidos demoraram, em média, quatro anos a ser solucionados.

Desde que há registo (1993), o Iraque é o país com mais jornalistas assassinados, com 204. Mas há condições de morte suspeitas que não são registadas como assassinatos. O México continua a ser um dos lugares mais perigosos para a profissão fora de zonas de guerra. Há registo do homicídio de 163 jornalistas, em grande parte devido à cobertura de temas relacionados com o crime organizado e a corrupção, salienta o CPJ.

A violência também tem aumentado em relação às mulheres jornalistas. Em 2022 e 2023, o número de homicídios de mulheres desta profissão atingiu o nível mais elevado dos últimos seis anos. Foram 14 as vítimas e principalmente ligadas à cobertura de crimes e manifestações públicas, realça a Al Jazeera, com base no mesmo relatório da UNESCO.

A insegurança não está apenas ligada ao risco de homicídio. Em Dezembro de 2023, o mesmo comité apontava para que 320 jornalistas estivessem presos por motivos relacionados com o exercício da profissão. Outros 67 estavam desaparecidos.

Este sábado, 2 de Novembro, assinala-se o Dia Internacional pelo Fim da Impunidade de Crimes contra Jornalistas, como forma de dar visibilidade ao número de mortes e nível de impunidade dos crimes contra os profissionais da comunicação. A data foi estabelecida neste dia devido ao assassinato de dois jornalistas franceses no Mali, em 2013.

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