Denunciado vídeo de desinformação sobre eleição na Georgia

Vídeo “obviamente falso” foi partilhado por figuras conservadoras. Secretário de estado da Georgia pede acção a X e outras plataformas para retirar o vídeo, que se suspeita que tenha origem russa.

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Brad Raffensperger, secretário de estado da Georgia ERIK S. LESSER / EPA
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O secretário de estado da Georgia, um dos estados que poderá ser decisivo para as eleições presidenciais da próxima terça-feira, denunciou uma tentativa de desinformação, com um vídeo viral, que poderá ter origem no estrangeiro, a lançar suspeitas sobre fraude eleitoral.

Brad Raffensperger (do Partido Republicano) não replicou o vídeo publicado na rede social X (antigo Twitter, entretanto detido por Elon Musk, que está a fazer campanha por Trump com verbas avultadas), mas este fora, entretanto, partilhado por várias figuras conservadoras, incluindo Amy Kremer, que faz parte do Comité Nacional Republicano, diz a CNN.

O vídeo original, que tinha mais de 500 mil visualizações, foi apagado, mas réplicas continuavam a circular. Trata-se de um vídeo curto, de 20 segundos, em que aparecem duas pessoas, apresentadas como imigrantes do Haiti, com um deles dizendo que votou várias vezes na vice-presidente, Kamala Harris.

“Ontem votámos no condado de Gwinett, hoje vamos votar no condado de Fulton. Temos os nossos documentos, carta de condução”, diz um dos homens no vídeo – antes tinha afirmado que chegara aos EUA há seis meses e já tinha obtido a cidadania. “Convidamos todos os haitianos a virem para a América e trazer as suas famílias.”

No vídeo é mostrada uma carta de condução. O secretário de estado da Georgia diz que foi alertado para o vídeo pela Agência de Cibersegurança e Segurança de Infra-estruturas (CISA, na sigla original). O seu gabinete acrescentou ao diário The Washington Post que na sequência do alerta, o gabinete de Raffensperger verificou o número da carta de condução, percebendo que era um documento falso.

“Hoje o nosso gabinete foi alertado para um vídeo que dizia ser de um imigrante do Haiti com vários documentos de identificação da Georgia dizendo que tinha votado várias vezes”, disse Brad Raffensperger em comunicado. “Isto é falso, e é um exemplo de desinformação que temos visto nesta eleição.”

Raffensperger apelou ainda a Elon Musk e aos responsáveis de outras plataformas que retirem o vídeo.

O Washington Post diz que os serviços secretos dos EUA têm avisado que as acções da Rússia para influenciar as eleições deste ano são mais sofisticadas do que em eleições anteriores, com esforços focados em estados decisivos e usando Inteligência Artificial para criar conteúdos mais convincentes, e de modo mais rápido, para levar ao voto em Donald Trump.

Em 2020, Raffensperger defendeu a integridade dos resultados eleitorais na Georgia apesar da pressão do então Presidente para anular votos legais. Trump classificou mesmo, na altura, Raffensperger como “inimigo do povo”.

O secretário de Estado disse que está a trabalhar com responsáveis do seu estado e autoridades federais para “identificar a origem” do vídeo, “obviamente falso e parte de um esforço de desinformação”, sendo “provavelmente uma produção de uma troll farm russa”.

A opinião foi partilhada pelo antigo director da agência para a cibersegurança Chris Krebs, citado pela CNN, dizendo que era “mais um disparate de troll farms russas”, acrescentando que é expectável “uma torrente de disparates destes nas próximas semanas”, antes e depois das eleições, como parte dos esforços de desinformação, um dos modos que Trump estará a preparar para, caso perca, não aceitar a derrota.

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