Artistas juntam-se em leilão para ajudar Climáximo a pagar multas e custas judiciais

André Príncipe, Ilda David, João Maria Gusmão, Luciana Fina e Rui Chafes entre os nomes que cederam obras para o leilão. Climáximo soma mais de 30 casos em tribunal e dez mil euros de despesas.

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A dupla de artistas Sara & André foi a alavanca do leilão deste domingo Rui Gaudêncio
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O espaço A Padaria do Povo, em Lisboa, vai acolher às 19h deste domingo um leilão solidário que visa ajudar os activistas climáticos do grupo Climáximo a pagar as multas e outros custos legais que as suas acções de protesto já lhes valeram. André Príncipe, Ilda David, Joana da Conceição, João Jacinto, João Maria Gusmão, José Pedro Cortes, José Smith Vargas, Luciana Fina, Mantraste, Maria Capelo, Paulo Nozolino, Pedro Paiva e Rui Chafes estão entre os artistas que doaram obras para o efeito.

Serão, ao todo, 40 a 60 criadores, de disciplinas como a escultura, a pintura, o desenho, a fotografia, a ilustração. "Tanto tentámos falar com artistas mais consagrados — cujas peças deverão angariar mais dinheiro — como com nomes mais desconhecidos que, por serem mais activistas e politizados, achámos que seriam simpatizantes da causa”, diz ao PÚBLICO a dupla de artistas plásticos Sara & André, que está a apoiar o Climáximo na organização do evento.

André lembra ter contactado o Climáximo pela primeira vez há uns meses, quando, juntamente com a sua parceira, foi convidado pelo Pavilhão 28, associação que trabalha com arte e saúde mental a partir do Hospital Júlio de Matos, em Lisboa, a participar num projecto que pressupunha a criação de um outdoor itinerante. “Somos solidários com a luta dos activistas climáticos e já há algum tempo que queríamos envolver estes colectivos, portanto contactámos uma jovem que pertence quer ao Climáximo, quer à Greve Climática Estudantil. Dissemos-lhe: ‘Temos aqui este espaço que gostávamos de vos oferecer, uma espécie de publicidade grátis à vossa causa.’ Ela acolheu bem o convite e falou com os seus colegas, que se entusiasmaram”, recorda o artista.​

Foi a partir de instruções dos grupos de activistas que José Smith Vargas, também convidado por Sara & André a envolver-se, elaborou uma ilustração em que “a população procura defender-se de uma agressão vinda de uma petrolífera”. “Os governos e as empresas declararam guerra à vida. Só a resistência popular pode travar o colapso climático”, pode ler-se no outdoor, que, precisa André, já circulou por diferentes pontos de Lisboa e Faro.

No contexto deste processo criativo, continua o artista, a dupla percebeu que os jovens do Climáximo têm já “à volta de dez mil euros em custos legais para pagar”. E esse valor poderá ainda ascender no futuro. “Actualmente, enfrentamos mais de 30 casos em tribunal e estimamos que o total de multas e custos legais em 2024 seja superior a 100 mil euros”, pode ler-se no site do grupo activista.

“Dissemos-lhes: ‘Temos muitos amigos artistas… Podíamos tentar fazer um leilão’”, conta André. “Se conseguíssemos angariar os dez mil euros que eles já sabem que têm de pagar, seria excelente. Mas é difícil prever como é que as coisas correrão.”

“Foi tudo organizado rapidamente: não tivemos tempo para fazer um site do leilão, ou um PDF que pudéssemos partilhar com potenciais compradores”, admite Sara. “Poderemos, eventualmente, repetir esta iniciativa no futuro. É uma primeira aproximação”, comenta André.

Rui Chafes, que oferecerá ao leilão uma pequena escultura, afirma ao PÚBLICO que, embora não esteja sempre “solidário com os métodos” do Climáximo, que têm polarizado a opinião pública, é perfeitamente solidário “com a causa”. “Compreendo o seu pânico e a sua fúria. O que está a acontecer ao planeta é uma catástrofe iminente”, sublinha. “Só não vê quem não quer.”

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