Primeiros banhos públicos de Lisboa, em Alfama, são monumento de interesse público

Secretaria de Estado da Cultura destaca que o actual Núcleo Arqueológico das Antigas Alcaçarias do Duque foi “o primeiro, o maior e o mais longevo balneário termal público da cidade”.

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Alcaçarias aproveitaram as nascentes de águas termais quentes de Alfama Rui Gaudêncio
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As Antigas Alcaçarias do Duque, em Alfama, os primeiros banhos públicos de Lisboa, que remontam ao período medieval, foram classificadas como monumento de interesse público, segundo uma portaria publicada, nesta terça-feira, em Diário da República.

Segundo a portaria da Secretaria de Estado da Cultura, a classificação do Núcleo Arqueológico das Antigas Alcaçarias do Duque, situado no piso térreo do edifício na Rua Terreiro do Trigo, nos números 52 a 60, na freguesia de Santa Maria Maior, no concelho e distrito de Lisboa, deve-se ao "seu interesse como testemunho notável de vivências ou factos históricos, ao seu valor estético, técnico e material intrínseco, à sua concepção arquitectónica e urbanística, e à sua extensão e ao que nela se reflecte do ponto de vista da memória colectiva".

O núcleo arqueológico resulta de recentes investigações que levaram à identificação do conjunto das estruturas, inseridas num edifício de traça oitocentista, revelando um património com uma importância na vida das populações locais que remonta, pelo menos, ao período árabe. Este foi "o primeiro, o maior e o mais longevo balneário termal público da cidade, apresentando-se como testemunho da maior importância para a história do contexto hidrogeológico das afamadas águas de Alfama, com vestígios materiais dispersos por um largo território", é acrescentado pela Secretaria de Estado da Cultura. Estas alcaçarias aproveitaram as nascentes de águas termais quentes de Alfama, "de tal maneira relevantes a nível local que o próprio nome do bairro, formulado desde o período medieval islâmico, as identifica", uma vez que Al-Hamma significa nascente de água quente, sublinha-se na portaria.

A estrutura foi construída no sítio de um ponto de captação de água quinhentista, que terá sido explorado por um mercador veneziano por volta de 1640, e foi reconstruída e ampliada em 1716 pelo primeiro duque do Cadaval, recebendo, então, a sua designação actual. Segundo o diploma, o balneário, a funcionar até 1978, seria constituído, no piso térreo de alto pé-direito, por um largo átrio e um conjunto de 15 pequenos compartimentos com banheiras dispostos ao longo de dois corredores paralelos, com um sistema de captação, armazenamento, condução e escoamento de águas, conjugados com quartos e salas de tratamentos nos andares superiores.