Galp “sem pressa” para decidir sobre refinaria de lítio até ter “retorno adequado”

Presidente da Galp teme que projecto possa “ficar órfão, se não houver mineração de lítio em Portugal”, sublinhando que este processo “parece também estar atrasado”.

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Galp apresentou resultados dos primeiros nove meses Rui Gaudêncio
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O presidente executivo (CEO) da Galp afirmou hoje que a empresa não se vai precipitar numa decisão final de investimento sobre a construção de uma refinaria de lítio em Portugal até ter garantias de “retorno adequado” para o projecto.

“Estamos nas fases finais de detalhes de engenharia e a discutir incentivos. Muito trabalho foi feito e ainda está em curso. Mas, devo dizer que o mercado está actualmente muito desafiante e não temos pressa em tomar uma decisão final de investimento até vermos um retorno adequado para o projecto, e não nos parece que estejamos nesse ponto neste momento”, afirmou o CEO.

Filipe Silva falava durante uma conference call com analistas sobre os resultados da petrolífera nos primeiros nove meses do ano, período em que Galp registou um lucro de 890 milhões de euros, mais 24% do que no mesmo período de 2023, e um EBITDA (resultados antes de impostos, juros, amortizações e depreciações) de 2609 milhões de euros, menos 8%.

Questionado pelos analistas sobre o projecto Aurora Lithium, uma joint venture entre a Galp e os suecos da Northvolt para construção de uma refinaria de lítio em Setúbal, Filipe Silva afirmou-se “preocupado” com o facto de o projecto poder “ficar órfão, se não houver mineração de lítio em Portugal”, já que este processo “parece também estar atrasado”.

“Não vamos correr o risco de tomar uma decisão final de investimento sobre uma unidade de conversão até vermos mineração [em curso] e espodumena de lítio português como parte da equação”, enfatizou.

Há cerca de um mês, fonte oficial da Galp confirmou ao Jornal de Negócios um atraso de dois anos na refinaria, de 2026 para 2028, mas garantiu que a empresa continua comprometida com o projecto, cujo orçamento quase duplicou, de 700 para 1.300 milhões de euros, entre 2022 e este ano.

A travar o avanço do projecto tem estado também a questão do financiamento, após a petrolífera portuguesa ter abandonado a agenda mobilizadora no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) destinada a criar uma cadeia de valor de baterias de lítio em Portugal, por “incompatibilidade do cronograma de execução com os prazos exigidos”.

Já relativamente ao projecto de produção de hidrogénio verde em curso em Sines, cuja decisão final de investimento foi tomada em 2023, a Galp diz que está “a fazer bom progresso” e esperar o início das operações comerciais em 2026.