Michelle Obama apoia Harris e direito ao aborto; Trump à caça do voto muçulmano

Antiga primeira-dama teme que as mulheres se tornem “danos colaterais da raiva” do ex-Presidente, que, por sua vez, promete “paz” no Médio Oriente. Campanhas estiveram no Michigan.

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Michelle Obama participou num comício de Kamala Harris em Kalamazoo, pequena localidade do Michigan Evelyn Hockstein / REUTERS
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A dez dias da eleição presidencial dos Estados Unidos (5 de Novembro), as campanhas de Donald Trump e de Kamala Harris estiveram no sábado no Michigan, um dos estados decisivos para o resultado final e onde o processo de votação antecipada já está em curso, à procura dos votos de diferentes grupos de eleitores.

O ex-Presidente republicano esteve nos arredores de Detroit a apelar ao voto dos eleitores muçulmanos e árabes americanos, enquanto a vice-presidente democrata recebeu em Kalamazoo a antiga primeira-dama, Michelle Obama, que fez um discurso apaixonado em defesa da saúde e dos direitos reprodutivos das mulheres.

Argumentando que as mulheres podem “tornar-se danos colaterais da raiva” de Trump, responsabilizando-o pela reversão, decidida pelo Supremo Tribunal em 2022, da decisão que estabeleceu o direito ao aborto e criticando as suas tentativas de acabar com a lei da reforma dos seguros de saúde conhecida por “Obamacare”, Obama pediu aos eleitores que “levem as vidas” da população feminina “a sério”.

“Não se trata apenas de cuidados relacionados com o aborto, mas da saúde das mulheres em geral. Um voto nele [Trump] é um voto contra nós, contra a nossa saúde, contra o nosso valor”, afirmou. “Por favor, não ponham as nossas vidas nas mãos de políticos, na sua maioria homens, que não fazem a mínima ideia daquilo por que estamos a passar”.

Desafiando os eleitores indecisos a “saírem do nevoeiro em que se encontram” e a votarem em Harris, Obama admitiu estar “um pouco frustrada pelo facto de alguns de nós estarem a optar por ignorar a incompetência grosseira de Trump enquanto pedem a Kamala que nos deslumbre a cada passo”.

No seu discurso, a candidata do Partido Democrata à Casa Branca voltou a insistir que Trump está “instável” e a sublinhar os alertas que têm sido feitos por antigos funcionários da sua Administração caso ele regresse à presidência – como John Kelly, ex-chefe de gabinete de Trump, que disse que este “encaixa na definição geral de ‘fascista’” e que admira ditadores como Adolf Hitler.

“Ao longo dos últimos oito anos, Donald Trump tornou-se mais confuso, mais instável e mais zangado, e é evidente que se tornou cada vez mais desequilibrado. Mas da última vez, pelo menos, havia pessoas que o podiam controlar, que desta vez não estão com ele”, disse Harris.

Durante a sua intervenção, a actual vice-presidente foi interrompida por uma pessoa na assistência que pediu o fim da guerra israelita na Faixa de Gaza. Harris respondeu dizendo que “a guerra tem de acabar”.

A alienação de eleitores árabes-americanos e críticos do apoio de Joe Biden às operações militares de Israel em Gaza e no Sul do Líbano é um dos grandes riscos que Harris corre nesta eleição, ao fazer parte da actual Administração.

Apesar de ser um aliado próximo de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelita, e de ter um discurso xenófobo e anti-imigração dirigido, muitas vezes, às comunidades muçulmanas, Donald Trump esteve nos arredores de Detroit, precisamente a tentar convencer eleitores muçulmanos a votar em si.

Depois de se reunir com um grupo de imãs locais, o ex-Presidente disse aos seus apoiantes, reunidos em Novi, que “a única coisa” que aqueles líderes religiosos querem é a paz e o fim dos conflitos no Médio Oriente, algo que, assegurou, vai cumprir, ainda que sem relevar como.

Ao seu lado no palco, o imã Belal Alzuhairi, do Centro Islâmico de Detroit, pediu “aos muçulmanos para apoiarem o Presidente Trump porque ele promete paz.”

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