EUA aprovam pacote de dois mil milhões de dólares em armamento para Taiwan

Fornecimento de armas ao território reivindicado pela China inclui sistema avançado de mísseis de defesa aérea já testado em combate na Ucrânia.

Foto
Taiwan é governada de forma autónoma desde 1949, mas a República Popular da China trata-a como uma província sua Annabelle Chih / REUTERS
Ouça este artigo
00:00
02:41

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

O Departamento de Defesa dos Estados Unidos anunciou na sexta-feira a aprovação de um pacote de armas para Taiwan no valor de dois mil milhões de dólares (1,85 mil milhões de euros), que inclui um sistema avançado de mísseis de defesa aérea já testado em combate na Ucrânia.

Apesar de os EUA não terem relações diplomáticas oficiais com o território reivindicado pela República Popular da China como uma província chinesa, Washington está obrigada por lei a fornecer meios para Taiwan se defender militarmente.

A Agência de Cooperação para a Segurança da Defesa do Pentágono explicou que a nova venda de armas consiste em 1,16 mil milhões de dólares em sistemas de mísseis e em 828 milhões em sistemas de radar. O principal contratante do sistema de mísseis será a RTX Corp, informou.

“Esta proposta de venda serve os interesses nacionais, económicos e de segurança dos EUA, apoiando os esforços contínuos do destinatário [Taiwan] para modernizar as suas Forças Armadas e para manter uma capacidade defensiva credível”, afirmou o Departamento de Defesa, num comunicado. “A venda proposta ajudará a melhorar a segurança do destinatário e a manter a estabilidade política, o equilíbrio militar e o progresso económico na região.”

A China recusa renunciar ao uso da força para alcançar a “reunificação” e​ tem vindo a intensificar a pressão militar sobre Taiwan, tendo realizado exercícios militares de larga escala em redor da ilha na semana passada. Foram as segundas manobras de simulação de um bloqueio económico e militar ao território desde que Lai Ching-te tomou posse como Presidente de Taiwan, em Maio.

O Governo chinês descreve Lai como um “separatista” e um “desordeiro” e tem rejeitado os seus repetidos apelos para negociações entre Pequim e Taipé. O Presidente taiwanês rejeita as reivindicações de soberania de Pequim, afirmando que só o povo de Taiwan pode decidir o seu futuro e defendendo o statu quo, ou seja, a autonomia que o território goza desde 1949.

Os sistemas de mísseis vendidos a Taipé são o sistema de defesa aérea de médio alcance NASAMS e os mísseis terra-ar de longo-alcance AMRAAM, informou o Pentágono. O sistema NASAMS foi testado em combate na Ucrânia e representa um aumento significativo das capacidades de defesa aérea que os EUA estão a exportar para Taiwan.

Uma fonte do governo dos EUA disse à Reuters, sob condição de anonimato, que o NASAMS é uma nova arma para Taiwan, revelando que que a Austrália e a Indonésia são os únicos países da região que o operam actualmente.

O Ministério da Defesa de Taiwan congratulou-se com o anúncio, dando nota da utilização uso “comprovada” do NASAMS na Ucrânia e dizendo que o sistema vai melhorar as capacidades de defesa aérea do território.

O Exército de Taiwan está a reforçar o seu armamento para poder enfrentar melhor qualquer potencial ataque da China, incluindo a construção dos seus próprios submarinos para defender as linhas fundamentais para o seu abastecimento marítimo.