Paço do Curutêlo inaugurou adega e apresentou o primeiro vinho

Já há adega nova e um primeiro vinho e o embargo à obra de construção do hotel associado ao projecto foi levantado esta sexta-feira pela secretária de Estado da Cultura.

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O projecto Paço do Curutêlo (grupo Vila Galé), em Ponte de Lima, inaugurou adega nova Paço do Curutelo
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CARINA FERNANDES PHOTOGRAPHY / Paço do Curutêlo
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São 13 hectares de vinha, um jardim frondoso e verdejante que se desenvolve em vários patamares criando um amplo anfiteatro protegido de Sul pela floresta e voltado ao vale fértil que se abre a Norte e Poente para aproveitar o sol na sua plenitude. A típica paisagem minhota, no vale do Lima, com os lameiros e campos de cultivo em fundo e a encosta preenchida com vinhedos que trepam até à floresta que cobre os cumes das suaves montanhas.

Até há pouco dominada pela fortaleza acastelada do Paço do Curutêlo, classificada como imóvel de interesse público e cujas origens serão anteriores à nacionalidade, a bucólica e harmoniosa paisagem vive agora dias de agitação e sobressalto com o estaleiro montado em redor da histórica construção granítica onde se desenvolvem os diversos blocos de betão destinados a acolherem o Vila Galé Collection Ponte de Lima, um resort com foco na paisagem vínica, um centro de conferências e eventos e um spa.

A obra chegou a ser alvo, ainda na semana passada, de um embargo total, "por indicação, e por pressão até, da secretaria de Estado da Cultura”, tinha justificado, em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara de Ponte de Lima, Vasco Ferraz. Mas entretanto, esta sexta-feira, a secretária de Estado da Cultura assinou um despacho que levanta o embargo ao projecto turístico já em construção fora da zona geral de protecção (um raio de 50 metros à volta do paço). Mantém-se, ainda assim, o embargo para a intervenção no imóvel classificado como de interesse público desde 1977.

"Das visitas que fizemos ao local, e já fizemos pelo menos três, não encontrámos nada que sustente o embargo total. As instituições, muito possivelmente, terão percebido que cometeram um erro, estão empenhadas em retroceder", tinha comentado esta quinta-feira, o autarca local.

Em resposta a um pedido de esclarecimentos enviado pela agência Lusa, o Ministério da Cultura vem agora explicar que, "após uma visita conjunta realizada no dia 17 de Outubro, apurou-se que na construção dos edifícios novos [situados na quinta, fora da zona geral de protecção] não existem desconformidades significativas em relação ao projecto licenciado que justifiquem manter o embargo total da obra".

O embargo parcial havia sido decretado a 10 de Outubro, na sequência de uma vistoria conjunta da autarquia e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte. No dia anterior, o Instituto do Património Cultural tinha anunciado "uma profunda revisão das zonas de protecção" dos monumentos classificados, na sequência do "impacto irreversível" causado pela construção deste hotel no Paço de Curutêlo.

Uma vez concluído, o projecto, informa o grupo hoteleiro Vila Galé, representará “um investimento total de 20 milhões de euros, já considerando o valor gasto na adega. Terá 69 quartos, piscinas exteriores para adultos e crianças, salão e eventos, bar, dois restaurantes, biblioteca e um espaço museológico dedicado à história do local”.

Alheios a toda a agitação estão os vinhos e a adega, que está já concluída e em pleno funcionamento, tendo sido inaugurada no passado dia 12, altura em que foi também apresentado o primeiro vinho, um belo branco à base da casta Loureiro (ler caixa).

Representando um investimento de 3,4 milhões deu euros, feito pela Xvinus — Companhia Enoturística, uma empresa detida pelos grupos Vila Galé e Madre, a adega tem capacidade de produção de mais de 200 mil garrafas, está equipada com a mais moderna tecnologia, permitindo acompanhar e monitorizar todos os processos, desde a recepção da uva ao controlo das fermentações e engarrafamento, e terá a capacidade de vinificar todas as parcelas da propriedade.

Com um total de 57 hectares, o Paço do Curutêlo projecta plantar já no próximo ano mais 10 hectares de vinha, com os quais totalizará um total de 23 hectares. Além da casta Loureiro, serão também referência nos brancos as uvas Alvarinho, Avesso e Arinto. Nos tintos, o tradicional Vinhão terá a companhia minoritária da Touriga Nacional.

Já quanto aos vinhos, depois do branco à base de Loureiro da colheita do ano passado que foi agora apresentado, haverá também um Arinto e ainda um Loureiro com fermentação e estágio em madeira.

Notícia actualizada às 18h25, com informação do despacho que levanta parcialmente o embargo ao projecto turístico no Curutêlo.

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