Descobrir Monção e Melgaço através dos seus vinhos

É uma das nove sub-regiões da Região Demarcada dos Vinhos Verdes e a qualidade dos vinhos não pára de surpreender, com o potencial de guarda dos Alvarinhos a evidenciar-se.

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Para quem não conhece o alto Minho, especialmente a zona raiana de Monção e Melgaço, beber um copo de Alvarinho funciona como uma espécie de cartão-de-visita. Entre as margens do rio Minho, que definem a quase imperceptível fronteira com a Galiza e as verdes encostas montanhosas, a casta foi crescendo cheia de carácter – mas não é a única.

À história do território funde-se a origem e evolução do Alvarinho, presente de todas as formas - na paisagem, no copo, na economia. Sente-se o terroir nos aromas, sabor e frescura dos vinhos. Mas, afinal, o que torna os vinhos de Monção e Melgaço tão singulares?

Monção e Melgaço, uma essência que se bebe

Sendo uma das mais interiores sub-regiões dos Vinhos Verdes, Monção e Melgaço destaca-se pelo microclima particular. Protegidas pelas serras do Gerês e da Peneda, com um clima temperado atlântico, mas de influência continental, as vinhas subsistem aos invernos frios e com menos chuva do que as outras sub-regiões. Juntamente com dias quentes e noites frias, estão criadas condições para as uvas darem origem a vinhos aromáticos de sabores persistentes. É importante destacar o potencial de guarda destes vinhos, habitualmente consumidos ainda jovens. O Alvarinho envelhece bem e é surpreendente a forma como vinhos mais estagiados conseguem ser tão vibrantes.

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Os vinhos com estágio são cada vez mais procurados e valorizados na Região dos Vinhos Verdes e especialmente na sub-região de Monção e Melgaço.

Dora Simões é a presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) e conta com mais de 25 anos de experiência na área dos vinhos. Sobre as características únicas dos Vinhos Verdes, aponta “a delimitação geográfica junto ao Atlântico e com vários rios associados, a grande quantidade de castas autóctones utilizadas nos lotes de vinhos varietais e o facto de apresentarem, no estilo, uma acidez pronunciada, frescura e um grau alcoólico baixo, mesmo para vinhos brancos” como os principais factores distintivos dos diferentes terroirs da Região de Denominação de Origem. Já a sub-região de Monção e Melgaço está exposta a verões mais quentes e secos do que outras sub-regiões dos Vinhos Verdes, o que resulta, explica, “em vinhos mais ricos e com maior concentração”.

Entrar no estágio da competitividade

Os vinhos com estágio são cada vez mais procurados e valorizados na Região dos Vinhos Verdes e especialmente na sub-região de Monção e Melgaço. Este tipo de vinhos está mais presente no portefólio dos produtores locais, e a expansão do segmento é vista como uma estratégia crucial para aumentar a competitividade no mercado global de vinhos brancos. Dora Simões destaca a importância desta aposta para o posicionamento da região: “é importante que a Região dos Vinhos Verdes tenha em maior volume de vinhos premium e super-premium para competir com os melhores brancos do mundo”. Assegura que estes são “na maioria das vezes, feitos com monovarietais”, que permitem “apresentar aos consumidores e trade vinhos com características diferenciadas”. A estratégia de apostar em vinhos com estágio de castas como Alvarinho, Loureiro ou Avesso não só fortalece a identidade da região, mas também a posiciona de forma mais objectiva e competitiva.

Monção e Melgaço para além do vinho

Toda a região dos Vinhos Verdes tem registado um crescimento significativo no enoturismo, atraindo milhares de visitantes interessados em vivenciar as experiências oferecidas pelos produtores locais. A sub-região de Monção e Melgaço oferece experiências que vão para além do vinho, unindo a natureza, a cultura e a gastronomia. “Há várias opções muito interessantes para conhecer a produção da casta Alvarinho e o terroir que a caracteriza”, sugere a presidente da CVRVV, como as “Experiências enogastronómicas nos restaurantes locais, desportos de aventura que permitem conhecer os rios, as montanhas e os trilhos deste território”. Há também património local para descobrir, através dos museus, e o turismo termal é outra das atracções.

As sazonais feiras e festas do Alvarinho em Melgaço e Monção são eventos relevantes para a promoção da sub-região e atraem consumidores nacionais e internacionais. Para a CVRVV, estes eventos, dinamizados pelos municípios e pelos produtores locais, “não são apenas eventos de vinhos com programa para profissionais e animação arrojada”. Há uma crescente aposta em questões estratégicas como o compromisso com a sustentabilidade, destacou Dora Simões. “A par da promoção dos Vinhos Verdes, [estes eventos] são exemplo de boas práticas num sector que trabalha diariamente com o capital natural” e que, por isso, “tem maior responsabilidade na sua preservação”, relembra.

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