Harris concorda com ex-chefe de gabinete de Trump que o rotulou de “fascista”

Democrata diz que se o ex-Presidente vencer as eleições vai usar o poder político e militar para “vinganças pessoais”. Kelly revelou elogios a Hitler e à “abordagem de governo de um ditador”.

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Donald Trump num comício nos arredores de Atlanta, no estado da Georgia Elijah Nouvelage / REUTERS
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Kamala Harris aproveitou grande parte do seu tempo de antena na quarta-feira para alertar para as declarações do general John Kelly, antigo chefe de gabinete de Donald Trump, que revelou elogios e admiração do ex-Presidente dos Estados Unidos por ditadores como Adolf Hitler e que afirmou que o candidato republicano à Casa Branca “encaixa na definição geral de ‘fascista’”.

Numa sessão de perguntas e respostas da CNN com eleitores indecisos da Pensilvânia, na quarta-feira à noite, a vice-presidente do país e candidata do Partido Democrata na eleição de 5 de Novembro respondeu afirmativamente, quando lhe perguntaram se Trump era “fascista”.

Segundo Harris, os avisos e as críticas de antigos membros da Administração Trump confirmam que o ex-Presidente é “um perigo para o bem-estar e para a segurança da América”. Se for eleito, assegura, “vai ficar sentado” na Sala Oval, “instável e desequilibrado, a planear a sua vingança, a planear a sua retaliação e a criar uma lista de inimigos”.

Horas antes, num discurso em Washington D.C., a vice-presidente afirmou que as declarações de Kelly, somadas às promessas de Trump de usar o poder militar para perseguir o “inimigo interno”, demonstram que o republicano quer “poder absoluto” e Forças Armadas não sejam “fiéis à Constituição dos EUA”, mas ao si próprio.

“É profundamente preocupante e incrivelmente perigoso que Donald Trump invoque Adolf Hitler, o homem responsável pela morte de seis milhões de judeus e centenas de milhares de americanos. Tudo isto é mais uma prova para a população americana sobre quem Donald Trump é verdadeiramente”, disse Harris.

“Fica claro, pelas palavras de John Kelly, que Donald Trump é alguém que, cito, ‘se enquadra seguramente na definição geral de ‘fascista’’ [e] que, de facto, jurou ser um ditador a partir do primeiro dia e prometeu usar os militares como sua milícia pessoal para levar a cabo as suas vinganças pessoais e políticas”, continuou.

“Donald Trump está cada vez mais desequilibrado e instável. E, num segundo mandato, pessoas como John Kelly não estarão lá para servir de protecção contra as suas propensões e acções. Aqueles que tentaram impedi-lo de seguir os seus piores impulsos já não estarão lá (…) para o controlar”, alertou a vice-presidente.

Em entrevistas ao jornal New York Times e à revista Atlantic, Kelly, um general dos Marines já reformado, descreveu Trump como alguém “da área da extrema-direita”, “seguramente um autoritário, que admira ditadores” e que “disse mais do que uma vez: ‘Hitler também fez algumas coisas boas’”.

Segundo Kelly, Trump contou-lhe que gostava que os militares lhe mostrassem o mesmo respeito que os generais nazis tinham por Hitler durante a II Guerra Mundial. Tentando esclarecer com o ex-Presidente se ele estava a falar dos militares da guerra franco-prussiana (1870-1871), ou se queria mesmo dizer “os generais de Hitler”, este respondeu: “Sim, sim, os generais de Hitler.” “[Trump] prefere, seguramente, a abordagem de governo de um ditador”, afirmou o general.

A equipa de campanha de Donald Trump nega, no entanto, as revelações de Kelly, catalogando-as como “absolutamente falsas”. Através da rede social Truth Social, o próprio candidato republicano descreveu o seu antigo aliado como um “um mau general”, um “marginal” e um “degenerado”.

Num comício nos arredores de Atlanta, no estado da Georgia, Trump não se referiu directamente ao seu ex-chefe de gabinete na Casa Branca, nem às acusações de “fascismo”, tendo optado por dedicar grande parte do seu discurso a ataques pessoais a Kamala Harris. Segundo o ex-Presidente, a sua adversária é “doida”, “é a pior de sempre”, “não consegue juntar duas frases”, tem um “QI baixo” e “não é uma pessoa esperta”.

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