Neta de Vivienne Westwood acusa a empresa da avó de trair o legado da criadora

Os direitos da propriedade intelectual de Vivienne Westwood são da fundação e não da marca com o seu nome. Cora Corré acusa o CEO, Carlo D’Amario, de ter “intimidado” a criadora.

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Cora Corré e a avó Vivienne Westwood em 2014 num desfile da Semana da Moda de Londres Suzanne Plunkett/Reuters
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A neta de Vivienne Westwood, Cora Corré, está a acusar a marca com o nome da sua avó de não respeitar o legado da criadora de moda. A modelo de 27 anos, que trabalhava na Vivienne Westwood (VW), anunciou nesta semana que está de saída da marca para se dedicar em exclusivo à fundação criada pela avó. “Embora a empresa tenha o nome da minha avó, não me parece que, neste momento, reflicta os seus valores”, queixa-se num comunicado publicado no Instagram nesta terça-feira.

Cora Corré exige a demissão imediata do CEO da empresa, Carlo D’Amario, que acusa de estar a roubar a propriedade intelectual de Vivienne Westwood, propriedade da fundação e não da marca criada em 1971, que continua a apresentar colecções com o nome da irreverente criadora britânica, que morreu em Dezembro de 2022 aos 81 anos. “Já passaram dois anos e não houve uma única conversa entre a VW empresa e a fundação. Esta falha de comunicação trouxe-me muita tristeza”, desabafa.

Numa carta enviada ao jornal The Times e a todos os funcionários da marca, Corré defende que Carlo D’Amario, CEO desde 1986, “intimidou” a avó durante os últimos anos de vida. “Nos anos anteriores à morte da minha avó, ela estava profundamente descontente com a forma como a empresa era administrada. Era seu desejo que D'Amario fosse afastado e que a empresa fosse administrada de forma que respeitasse seus valores”, escreve.

Certo é que antes de morrer, em 2019, Westwood transferiu todos os direitos autorais e propriedade do design da marca para a Fundação para que o uso dos ícones do seu design pudessem “apoiar instituições e causas por que era apaixonada”, como o ambiente. Ou seja, na prática, a marca teria de pedir aprovação à fundação para usar os designs de Westwood, devolvendo o dinheiro correspondente a essa propriedade intelectual.

Contudo, a empresa lançou recentemente uma colaboração com a marca de streetwear Palace com base em peças de arquivo, sem pedir, uma vez mais, autorização. “É uma pena que, pela sua recente colaboração com a Palace, a empresa VW tenha decidido basear os designs no arquivo de Vivienne sem consultar a fundação. Isso mostra um flagrante desrespeito pelos desejos de Vivienne e do seu legado”, lamenta a jovem de 27 anos.

E termina: “Entendemos que o Palace entrou em colaboração com a empresa de boa-fé e não tinha conhecimento desta situação. No entanto, é muito lamentável que isso tenha acontecido e esperamos que, dadas as circunstâncias, as partes envolvidas façam a coisa certa e honrem os desejos de Vivienne.”

Ainda que a situação venha a ser resolvida, Cora Corré decidiu afastar-se definitivamente da empresa, onde era directora de campanhas, para se dedicar em total exclusividade à fundação. “Devido a um colapso nas relações entre a empresa Vivienne Westwood e a Fundação Vivienne, o meu papel dentro da empresa tornou-se insustentável”, justifica.

A jovem não se não referiu a Andreas Kronthaler, que é o viúvo de Vivienne Westwood e ocupa o lugar de director criativo da marca. O criador austríaco não se pronunciou, para já, sobre a polémica, nem a Vivienne Westwood emitiu qualquer comunicado sobre o tema.

Cora Corré é filha de Joseph Corré, fruto da relação de Vivienne Westwood com Malcolm McLaren. É a única neta de Westwood que teve ainda mais um filho, Ben Westwood.

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