Mais de 20 mortos em ataques israelitas no Norte de Gaza

Vítimas incluíam mulheres e crianças. Exército israelita diz ter morto dez “terroristas”.

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Beit Lahiya, tal como o resto do norte de Gaza, tem sido alvo de vários ataques nos últimos dias Abdul Karim Farid / REUTERS
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Pelo menos 20 pessoas, incluindo mulheres e crianças, morreram esta terça-feira em ataques realizados pelas forças israelitas no norte da Faixa de Gaza, afirmou a Reuters citando fontes das autoridades de saúde.

Num só ataque na cidade de Beit Lahiya, nessa região de Gaza, 15 pessoas morreram num ataque com drone, incluindo mulheres e crianças, segundo a agência noticiosa palestiniana WAFA, citando o Crescente Vermelho e fontes médicas

Há quase 20 dias que o Norte do enclave está sob cerco israelita, que causou mais de 500 mortes e dezenas de milhares de pessoas deslocadas, segundo dados da ONU.

O director da agência da ONU para os refugiados palestinianos (conhecida pela sigla inglesa UNRWA), Philippe Lazzarini, lançou um sinal de SOS do staff da organização em Gaza, condenando as condições vividas na região e pedindo uma "trégua imediata".

"No Norte de Gaza, as pessoas estão apenas à espera de morrer. Sentem-se abandonadas, sem esperança e sozinhas. Vivem de uma hora para a outra, temendo a morte a cada segundo", escreveu o director da organização.

"Em nome do nosso pessoal no norte de Gaza, apelo a uma trégua imediata, ainda que por algumas horas, para permitir uma passagem humanitária segura para as famílias que desejam abandonar a zona e chegar a locais mais seguros", acrescentou.

No entanto, milhares de pessoas recusam-se a abandonar as suas casas no norte, não tendo para onde ir e temendo ataques israelitas, especialmente depois de terem recebido inúmeras ordens de saída desde o início da guerra, há mais de um ano.

“Acreditamos que cerca de 56 mil pessoas foram deslocadas do Norte da Faixa para a Cidade de Gaza desde o início das operações [israelitas]”, explicou à EFE um director da Agência da ONU para Refugiados, Sam Rosa.

Em Gaza, 90% da população está deslocada e a maioria teve que se mudar em mais de uma ocasião.

Os três principais hospitais desta zona – Indonésio, Al Awda e Kamal Adwan – estão saturados e têm problemas para dar resposta à constante chegada de corpos e feridos, depois de terem sido atacados nos últimos dias pela artilharia israelita.

O exército israelita, por seu lado, garantiu esta terça-feira, em comunicado, que as suas tropas “continuam a lutar na área, ao mesmo tempo que permitem a saída de civis em rotas designadas”.

“Num único ataque, eliminámos dez terroristas que representavam uma ameaça”, referia o comunicado, no qual era descrito que as tropas completaram uma operação na área de Beit Lahia na qual desmantelaram “vários túneis de terroristas”.

No último dia, a força aérea israelita também atingiu material bélico na área de Rafah, no extremo sul da Faixa, que “estava pronto para serem disparado contra Israel”, acrescentou.

Desde o início da ofensiva israelita contra Gaza, em Outubro de 2023, mais de 42.600 pessoas morreram — a maioria delas mulheres e crianças — e quase 99.800 ficaram feridas, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, que não inclui milhares de desaparecidos ou mortos devido a doença ou infecção.