Montenegro e o “futuro”

É possível dizer que o congresso ignorou as vicissitudes de um Governo frágil por falta de uma maioria parlamentar, como é obrigatório dizer que essa omissão resulta de uma decisão estratégica.

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No discurso de abertura do 42.º Congresso do PSD, Luís Montenegro avisara que “as pessoas estão fartas da intriga”. No discurso do encerramento, tratou de passar ao lado dos temas da actualidade que pudessem alimentar esse cansaço e concentrou-se em falar do futuro. Que futuro? O que melhor possa afirmar o partido e o Governo como um manancial de medidas que ora se destinam a agradar a um eleitorado social-democrata, ora se dirigem às preocupações do mais exemplar conservadorismo. Foi, por isso, um discurso digno do velho PSD, ideologicamente flexível, que dispara em todas as direcções. Mas, ao mesmo tempo, um discurso destinado a fazer prova de que, como em tempos Jaques Delors dizia sobre a construção europeia, governar é como andar de bicicleta: se não se pedalar, cai-se.

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