Kamala Harris põe em causa a resistência de Donald Trump para ser Presidente

Os dois candidatos andaram em campanha no estado do Michigan, onde as sondagens dão empate entre a democrata e o republicano. Trump teve problemas com um microfone e Harris recorre aos Obama.

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A candidata democrata à presidência, Kamala Harris, discursando em Waterford, no estado do Michigan Rebecca Cook / REUTERS
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O candidato republicano à presidência, Donald Trump, num comício em Detroit, no estado do Michigan Brian Snyder / REUTERS
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A candidata democrata à presidência dos Estados Unidos, Kamala Harris, pôs esta sexta-feira em causa a resistência física de Donald Trump para servir como Presidente dos Estados Unidos, numa altura em que os dois candidatos fizeram comícios no estado do Michigan, um campo de batalha política em que os dois candidatos seguem empatados. Trump respondeu com a energia que tem demonstrado durante a sua campanha.

Harris, que completa 60 anos no domingo, insistiu na ideia para levantar dúvidas sobre se Trump, de 78 anos, tem essa capacidade. A idade foi um tema bastante explorado pela campanha republicana quando o Presidente Joe Biden, de 81 anos, estava na corrida, mas desvaneceu-se depois de ele ter abandonado a sua candidatura.

Harris disse na sexta-feira que as notícias de que o antigo Presidente Trump estava a faltar a entrevistas por estar cansado e que tinha deixado passar a oportunidade de um segundo debate com ela levantavam questões sobre a sua aptidão para o cargo.

“Deveria ser uma preocupação. Se ele não consegue lidar com os rigores da campanha, será que está apto para fazer o trabalho?”, disse ela aos jornalistas antes de um comício em Grand Rapids. “Essa é uma pergunta legítima”.

Trump faltou a algumas apresentações, não tendo os responsáveis da sua campanha divulgado os motivos.

À chegada a Detroit, em conversa com os jornalistas, Trump desvalorizou a questão: “Passei 48 dias sem descansar. Nem sequer estou cansado. Estou realmente entusiasmado. Sabem porquê? Estamos a arrasá-la nas sondagens, porque o povo americano não a quer.”

As sondagens nos estados mais competitivos da eleição, os denominados swing states, aqueles que podem pender para um lado ou para o outro, dão efectivamente um empate entre os dois, quando faltam apenas 18 dias para a eleição.

Numa entrevista no programa Fox & Friends, Trump também se queixou dos anúncios televisivos negativos na Fox sobre ele e disse que iria falar com Rupert Murdoch, o fundador da News Corp e que também lançou a Fox News, para garantir que esses anúncios não são transmitidos até ao dia das eleições, a 5 de Novembro.

“Vou dizer: ‘Rupert, por favor, faça assim e então vamos ter uma vitória, porque toda a gente quer isso’”, disse Trump.

O ex-Presidente visitou uma sede de campanha em Hamtramck, onde ouviu elogios do primeiro presidente da câmara muçulmano do subúrbio de Detroit, Amer Ghalib. Trump procura o apoio dos árabes-americanos do Michigan, desencantados com os democratas Joe Biden e Kamala Harris, por causa do apoio dos EUA a Israel no conflito de Gaza.

“No fundo, todos queremos uma coisa. Queremos paz no Médio Oriente. Vamos conseguir a paz no Médio Oriente. Isso vai acontecer muito rapidamente. Pode acontecer com a liderança certa em Washington”, disse Trump, sem entrar em pormenores.

No condado de Oakland, Harris deu as boas-vindas aos membros da comunidade árabe-americana no seu comício e apresentou as perspectivas de paz na sequência da morte do líder do Hamas, Yahya Sinwar.

Microfone e os Obama

À noite, Trump regressou a Detroit, a maior cidade do Michigan, para um comício, depois de ter dito, a 10 de Outubro, que o resto dos EUA se transformaria numa Detroit se Harris ganhasse.

Ali, o microfone de Trump deixou de funcionar e o antigo presidente deambulou pelo palco durante cerca de 20 minutos. “Não vou pagar a conta desta empresa estúpida que nos alugou esta porcaria”, disse Trump depois de o áudio ter voltado a funcionar. “Este é o pior microfone que já tive na minha vida”.

O incidente do microfone aconteceu dias depois de Trump ter parado de falar e de se ter balançado ao som da sua lista de reprodução musical num evento na Câmara Municipal da Pensilvânia, depois de duas pessoas na plateia terem adoecido.

Harris, depois de discursar em Grand Rapids, o coração do Michigan ocidental mais conservador, dirigiu-se para leste, para Lansing e depois para Oakland County, que engloba os subúrbios a noroeste de Detroit, na sexta-feira à noite.

Este estado do Midwest tem cerca de 8,4 milhões de eleitores e daria ao vencedor 15 votos do Colégio Eleitoral dos 270 necessários para vencer, o que poderia ser um número decisivo. Harris e Trump estão a lutar ferozmente pelos eleitores árabes-americanos, idosos, sindicalizados e da classe trabalhadora do estado.

As sondagens públicas e internas da campanha mostram margens muito reduzidas para Harris ou Trump no Michigan e noutros swing states. Isso está a preocupar os democratas.

Trump ganhou Michigan por 11.000 votos em 2016. Em 2020, Biden venceu Trump no estado por 155.000 votos.

Harris está a mudar a estratégia da sua campanha para conquistar mais republicanos e homens de todas as etnias. Também recrutou a popular ex-primeira-dama Michelle Obama, que fará campanha para Harris no Michigan a 26 de Outubro.

“Entendo por que as pessoas estão a tentar agitar as coisas”, disse o ex-presidente Barack Obama num evento de campanha no Arizona em apoio a Harris na sexta-feira. “O que eu não consigo entender é porque é que alguém pode pensar que Donald Trump irá agitar as coisas de uma forma que seja boa para si”.

A nível nacional, a vantagem de Harris diminuiu de sete pontos percentuais sobre Trump, no final de Setembro, para apenas três pontos, segundo as sondagens da Reuters/Ipsos, com os preços elevados dos alimentos e das rendas a continuarem a preocupar os americanos e com Trump a ampliar os receios relacionados com os migrantes que atravessam a fronteira entre os EUA e o México, com uma retórica cada vez mais extremista. Reuters

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