Ataques israelitas matam 33 pessoas no campo de refugiados de Jabalia em Gaza

Ataque atingiu várias casas no maior campo de refugiados histórico de Gaza, deixando ainda 85 feridos.

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Campo de refugiados de Jabalia tem sido alvo de ataques STRINGER / REUTERS
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Pelo menos 33 pessoas morreram e 85 ficaram feridas em ataques israelitas que atingiram várias casas na sexta-feira em Jabalia, o maior dos oito históricos campos de refugiados de Gaza, segundo os médicos, onde os residentes disseram que os tanques rebentaram com estradas e casas.

O gabinete de imprensa do governo de Gaza, dirigido pelo Hamas, revelou que o número de mortos dos ataques pode aumentar porque se acredita que algumas pessoas estão presas sob os escombros, e a agência noticiosa oficial palestiniana WAFA disse que havia crianças entre os mortos. As autoridades não se pronunciaram de imediato.

Outros ataques israelitas na região mataram pelo menos 39 palestinianos em Gaza na sexta-feira, 20 dos quais em Jabalia, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. Durante a noite, um ataque israelita ao campo de refugiados de Maghazi causou mais 11 mortos devido à destruição de uma casa de uma família, provocando também vários feridos e soterrados, segundo a WAFA.

Os residentes de Jabalia disseram que os tanques israelitas chegaram ao coração do campo depois de terem atravessado os subúrbios e os bairros residenciais. Segundo os residentes, o exército israelita está a destruir dezenas de casas diariamente, a partir do ar e do solo, e colocando bombas nos edifícios e detonando-as à distância.

Os militares israelitas afirmaram que as suas forças, que operam em Jabalia há duas semanas, mataram dezenas de militantes em combate corpo a corpo na quinta-feira, efectuaram ataques aéreos e desmantelaram infra-estruturas militares.

Na quinta-feira, Israel afirmou ter matado o inimigo número um do país, o chefe do Hamas, Yahya Sinwar, a quem atribui a autoria do ataque de 7 de Outubro contra Israel — o mais mortífero na história do conflito israelo-palestiniano.

As forças armadas israelitas afirmam que a sua operação em Jabalia tem por objectivo impedir que os combatentes do Hamas se reagrupem para novos ataques.

Os residentes afirmaram que as forças israelitas isolaram efectivamente as cidades de Beit Hanoun, Jabalia e Beit Lahiya, no extremo norte de Gaza, da cidade de Gaza, bloqueando a circulação, excepto para as famílias que acataram as ordens de evacuação e abandonaram as três cidades.

As comunicações e os serviços de Internet foram cortados, o que perturbou as operações de salvamento.

Apelo ao fornecimento imediato de material hospitalar

Na sexta-feira, as autoridades de saúde apelaram ao envio imediato de combustível, material médico e alimentos para três hospitais do norte de Gaza, sobrecarregados pelo número de doentes e feridos.

No Hospital Kamal Adwan, os médicos disseram que tiveram de substituir as crianças nos cuidados intensivos por casos mais críticos de adultos gravemente feridos pelos ataques aéreos israelitas a uma escola que albergava palestinianos deslocados em Jabalia, na quinta-feira.

Israel afirmou que tinha como alvo militantes escondidos no complexo.

O director do hospital, Hussam Abu Safiya, afirmou num vídeo enviado aos meios de comunicação social que as crianças tinham sido transferidas para outra divisão dentro das instalações, onde estavam a ser tratadas. Segundo o director, o pessoal médico está exausto e as provisões hospitalares, incluindo alimentos, estão muito esgotadas.

Israel disse que enviou cerca de 30 camiões de ajuda para o norte de Gaza na sexta-feira, incluindo alimentos, água, material médico e equipamento de abrigo. “Estamos a combater o Hamas, não estamos a combater o povo de Gaza”, disse o porta-voz militar Nadav Shoshani aos jornalistas num briefing online.

O Hamas e as autoridades de saúde afirmam que a ajuda não tem chegado às zonas mais afectadas, incluindo as três cidades isoladas.

Philippe Lazzarini, chefe da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos, UNRWA, afirmou no X que o ataque à escola era o terceiro numa instalação da UNRWA esta semana e que a agência tinha perdido 231 membros da equipa no último ano de combates.

O norte de Gaza, onde vivia mais de metade dos 2,3 milhões de habitantes do território, foi reduzido a escombros na primeira fase do ataque israelita, há um ano.

Israel iniciou a sua campanha militar após os ataques de 7 de Outubro ao sul de Israel por combatentes liderados pelo Hamas, que mataram 1200 pessoas e capturaram 250 reféns, de acordo com os registos israelitas.

Mais de 42.000 palestinianos foram mortos na ofensiva israelita até agora, segundo as autoridades de saúde de Gaza.