Grávidas portuguesas vão abortar a Espanha depois das 10 semanas de gravidez

Lei espanhola permite que a interrupção voluntária da gravidez por vontade da mulher se faça até às 14 semanas. Parlamento vai analisar extensão do prazo que, em Portugal, se fixa nas dez semanas.

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Parlamento vai analisar extensão do prazo para a realização de um aborto por vontade da mulher Rui Gaudêncio (arquivo)
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Há centenas de portuguesas que continuam a ir abortar a Espanha depois de completadas as dez semanas de gravidez. Segundo o semanário Expresso, no ano passado 530 portuguesas passaram a fronteira para abortar, beneficiando da circunstância de a lei espanhola permitir que a interrupção voluntária da gravidez (IVG) se faça até às 14 semanas de gestação – o prazo estende-se até às 22 semanas se o aborto for ditado por causas médicas.

Na clínica Guadiana Los Arcos, em Badajoz, terão dito a uma das portuguesas que poderia fazer a IVG até às 20 semanas, num procedimento pelo qual a mulher de 37 anos de idade pagou 1900 euros. Os preços começam nos 1200 euros e tendem a subir à medida das semanas de gravidez Só àquela clínica terão recorrido em 2023 um total de 439 portuguesas. E, nos últimos cinco anos, segundo o Expresso, o número de portuguesas por ano nunca desceu das 300.

O semanário cita dados oficiais do Ministério da Saúde espanhol, segundo os quais, no ano passado, 1171 mulheres provenientes de outros países da ­União Europeia e não residentes em Espanha tinham realizado IVG no país.

Em Portugal, a IVG por vontade da mulher só pode ser feita até às 10 semanas. Mas, quase duas décadas depois do referendo que permitiu a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, a Assembleia da República vai discutir o alargamento do prazo do aborto.

Fixado nas 10 semanas desde 2007, é um dos prazos mais restritivos da Europa e tanto o PS como o BE querem estendê-lo: depois de os socialistas terem apresentado um projecto de lei que propõe a fixação nas 12 semanas, os bloquistas foram mais longe e deram entrada a uma iniciativa que defende as 14 semanas.

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