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Gutman, um brasileiro que entrou no mercado de fundos de investimento em Portugal
O caminho é investir em empresas tecnológicas portuguesas para que conquistem espaço no mercado global. Até agora foram 3,5 milhões de euros, mas estão previstos mais 20 milhões.
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Uma nova geração de gestores brasileiros está se destacando no mercado de fundos de investimento em Portugal. Luis Gutman é um deles, atuando como administrador do M4 Ventures, um grupo que administra fundos de capital de risco que já captou milhões de euros no mercado luso. Até agora, trabalha com dois fundos. O primeiro, já encerrada a fase de captação, representa um investimento de 3,5 milhões de euros (21 milhões de reais) em sete startups portuguesas, com a missão de globalizá-las, em especial levando-as para o mercado brasileiro. Agora, está estruturando um segundo, que planeja captar 20 milhões de euros (120 milhões de reais) para novos investimentos focados em sustentabilidade.
O fundo inicial, lançado há dois anos, seguiu uma estratégia clara: investir em novas empresas de tecnologia portuguesas, que sejam promissoras, e ajudá-las a ganhar o mundo. O fundo selecionou startups em setores variados, como beleza, saúde e tecnologia. Além de suporte financeiro, os gestores ofereceram algo ainda mais valioso: sua rede de contatos no Brasil, facilitando parcerias e novas oportunidades de negócios.
Gutman destaca que a experiência de sua equipe, formada por engenheiros e ex-empreendedores de sucesso no Brasil, foi fundamental para atrair essas startups. "Nossa expertise em tecnologia e nosso know-how no mercado brasileiro nos permitem ajudar essas empresas a crescerem de maneira robusta e escalável", explicou Gutman.
As sete startups selecionadas para serem apoiadas pelo primeiro fundo são a SheerMe, a Modatta, a MyCareForce, a Nutrium, a Visor.ai, a Paynest e a Brands & Ninjas. A primeira delas criou um marketplace de serviços de beleza e bem-estar, com uma plataforma que conecta consumidores a serviços como salões de beleza e massagistas, permitindo que os clientes agendem e paguem online. A startup firmou uma parceria com a gigante de cosméticos L'Oréal para o mercado brasileiro, o que permitiu expandir seus serviços para muitos salões de beleza.
Voltada para o marketing digital, a Modatta permite que usuários cadastrem seus dados e hábitos de consumo, para que as marcas possam oferecer promoções diretamente a eles, pagando por essa interação. A empresa já está em operação no Brasil, com clientes como Amazon, Netshoes e iFood, e já conta com mais de dez mil usuários na plataforma.
A MyCareForce oferece um aplicativo que auxilia hospitais a contratar enfermeiros de forma rápida, quando há faltas ou urgências. A plataforma, que começou em Portugal, já está presente no mercado brasileiro, com o objetivo de resolver um problema comum, que é a ausência de profissionais na área da saúde. Por exemplo, um enfermeiro ou um técnico hospitalar que falta no dia do seu plantão, o que é fundamental para manter em funcionamento serviços vitais para os pacientes.
Facilitar a interação entre nutricionistas e pacientes é o objetivo da Nutrium, que tem um produto que organiza consultas online e acompanhamento alimentar. No Brasil, a Núcleo é parceira da Gympass, e o próximo passo será a expansão dos serviços para grandes empresas, de forma a melhorar a saúde e a produtividade dos trabalhadores.
O atendimento automático aos clientes de empresas de grande porte através de uma solução de chatbot é a solução apresentada pela VisorAI. Seus produtos já estão presentes em instituições financeiras de Portugal e encontra-se em fase de testes por parte de várias empresas no Brasil.
A educação financeira é o foco da Paynest, que desenvolve serviços como a organização de despesas, a antecipação de salários e bônus, o planejamento dos investimentos e programas de benefícios empresariais. Assim, os colaboradores poderão prevenir o endividamento excessivo e melhorar sua sua saúde financeira.
Usar a lógica do croudsourcing para fazer auditoria de varejo é o modelo de negócio da Brands & Ninjas. A empresa tenta engajar consumidores comuns numa dinâmica como se fosse um jogo, em que devem cumprir tarefas verificando disposição de produtos e marcas em supermercados, postos de gasolina e farmácias. Assim, torna-se possível ter acesso a dados rápidos e precisos que vão ajudar na gestão de estoques e nas vendas.
Sustentabilidade e inovação tecnológica
Enquanto o primeiro fundo está focado na inovação e em tecnologia para a área de serviços para empresas, o trio de gestores brasileiros agora se volta para a estruturação de um segundo fundo. Com o objetivo de captar 20 milhões de euros, terá como foco investimentos em startups de tecnologia voltadas para a sustentabilidade. Luis Gutman explica que o fundo se concentrará em áreas como agrotech, energias renováveis e mobilidade urbana.
"O mercado brasileiro de agrotecnologia é um dos maiores do mundo, e queremos encontrar startups que possam contribuir com soluções inovadoras para desafios ambientais globais", diz Gutman.
O novo fundo, que está em fase de estruturação, deve estar totalmente operacional até o final deste ano, com metas claras de investimentos que envolvam tanto empresas em Portugal quanto aquelas que queiram se expandir para o Brasil.
Para Gutman, a função do investidor não é apenas aportar capitais e receber os lucros. "Estamos comprometidos em dar suporte estratégico para que essas startups atinjam novos patamares", conclui Gutman.