Número de mortes por mpox chega às 1100 em África — e casos continuam a subir

Mais de 42 mil casos foram registados este ano, 3051 só na última semana. A grande maioria foi detectada no Congo e o número de nações africanas com surtos subiu de seis em Abril para 18 em Outubro.

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Vacinação contra a mpox na República Democrática do Congo Stringer / REUTERS
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A mpox já matou 1100 pessoas em África este ano. A falta de vacinas, os campos de refugiados sobrelotados e as prisões alimentam a disseminação de uma doença que também pode causar cegueira e desfiguração. “Não estamos a fazer grandes progressos”, disse o director-geral do Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças (Africa CDC, na sigla em inglês), Jean Kaseya, numa conferência de imprensa na quinta-feira, ao revelar o crescente número de mortes no continente que mais está a sofrer com a doença contagiosa.

A África precisa de mais vacinas e “acções concretas no terreno para parar este surto”, disse. Mais de 42 mil casos foram registados este ano, 3051 só na última semana. A grande maioria foi detectada na República Democrática do Congo e o número de nações africanas com surtos de mpox subiu de seis em Abril para 18 em Outubro.

O vírus que causa a mpox espalhou-se pelos campos de refugiados que abrigam 2,5 milhões de pessoas deslocadas no leste do Congo, onde há saneamento precário, a comida é escassa e outras doenças como a malária, o sarampo e a cólera já estão a causar mortes. Ao mesmo tempo, o vizinho Uganda detectou surtos em duas prisões e os três casos confirmados deixaram 1874 pessoas sob vigilância.

O acesso limitado a higiene correcta e o isolamento precário dos casos fazem com que estes ambientes sejam um terreno fértil para a disseminação da mpox e aumentam a necessidade de vacinas e teste de diagnóstico.

Menos da metade dos casos suspeitos foram testados e o número de casos confirmados este ano é cinco vezes superior ao total de infecções registadas em 2023. O Africa CDC e a Organização Mundial da Saúde estão a tentar fornecer mais testes, melhorando o transporte para os laboratórios centralizados e garantindo que o diagnóstico possa ser feito a nível sub-regional por habitantes com conhecimentos médicos.

Quase 21 mil pessoas foram vacinadas, a maioria contactos de pessoas diagnosticadas com a doença, profissionais de saúde e profissionais do sexo. A inoculação de crianças continua a ser um desafio fundamental, mas faltam vacinas. O financiamento prometido pelos EUA e outros parceiros precisa de ser autorizado em breve para reduzir efectivamente a disseminação, disse Kaseya.


Exclusivo PÚBLICO / The Washington Post

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