Portugal identificou mais de mil casos de mpox desde 2022: nove desde Junho
Não foram identificados em Portugal casos causados pelas variantes Ia (historicamente a mais letal e transmissível) ou Ib, esta última detectada na República Democrática do Congo em Setembro de 2023.
Portugal identificou três surtos de mpox desde 2022, o último dos quais está activo desde 1 de Junho, com nove casos confirmados até 31 de Agosto de 2024, revelam os dados divulgados agora pela Direcção-Geral da Saúde (DGS).
No primeiro surto, que ocorreu entre 3 de Maio de 2022 e 27 de Março de 2023, no período em que houve um surto global de mpox, foram confirmados 956 casos, incluindo dois óbitos em doentes imunocomprometidos, e no segundo, que decorreu entre 1 de Junho de 2023 e 31 de Março de 2024, foram notificados 241 casos.
No total, foram notificados 1206 casos no Sistema de Informação Nacional de Vigilância Epidemiológica (SINAVE), contabiliza a DGS. Relativamente ao terceiro surto, a DGS refere que a idade dos nove casos notificados varia entre os 26 e os 50 anos, sendo a mediana 39 anos. Dos casos confirmados com informação disponível, seis foram notificados na região Norte, um em Lisboa e Vale do Tejo e um no Algarve.
Segundo a autoridade de saúde, oito dos casos reportados referem-se a homens que tiveram sexo com outros homens. Dois destes oito casos estavam vacinados e três são pessoas que vivem com VIH.
“Considerando os 21 dias anteriores ao início dos sintomas, um (12%) caso refere frequência de saunas, três (38%) tiveram contactos sexuais com múltiplos parceiros e um (12%) participou em actividades de sexo em grupo e/ou anónimo; um (12%) caso refere viagem ao estrangeiro”, refere a DGS numa informação publicada no seu site.
A Direcção-Geral da Saúde sublinha que, até a data, não foram identificados casos causados pela variante Ia (historicamente a mais letal e transmissível) ou pela variante Ib, que foi detectada na República Democrática do Congo em Setembro de 2023 e depois notificada em vários países vizinhos, bem como na Suécia e na Tailândia. Sobre esta variante Ib não se conhece ainda a verdadeira letalidade e transmissibilidade, carecendo ainda de estudos mais aprofundados. Contudo, ainda é a variante Ia a principal responsável pelos casos identificados neste novo surto de mpox.
Desde o início da disponibilidade de vacinas, em 16 de Junho de 2022, até ao passado dia 3 de Setembro, foram vacinadas 9943 pessoas em Portugal. Das 17.460 inoculações, 16.143 (92,5%) ocorreram em contexto de pré-exposição.
Portugal foi o segundo país a reportar casos de um surto que se tornou mundial e que motivou, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a declaração de Emergência Internacional de Saúde Pública entre 23 de Julho de 2022 e 11 de Maio de 2023.
A 14 de Agosto de 2024, o surto de mpox na República Democrática do Congo, com número crescente de casos e óbitos, o surgimento da nova variante (Ib) e a sua disseminação em países vizinhos da República Democrática do Congo, motivou nova declaração de Emergência Internacional de Saúde Pública pela OMS, para garantir uma resposta internacional coordenada na redução das cadeiras de transmissão e enfoque na vacinação.
No âmbito da actual declaração de emergência, a DGS alerta para a importância da detecção precoce de casos, do diagnóstico laboratorial, inquérito epidemiológico, gestão de caso, rastreio de contactos, vacinação e articulação com parceiros da sociedade civil e internacionais, visando a redução de cadeias de transmissão e promovendo as formas mais expeditas de prevenção e controlo da infecção.
A nova variante pode ser facilmente transmitida por contacto próximo entre dois indivíduos, sem necessidade de contacto sexual, e é considerada mais perigosa do que a variante de 2022.
A mpox transmite-se sobretudo pelo contacto próximo com pessoas infectadas, incluindo por via sexual. Ao contrário de surtos anteriores, em que as lesões eram visíveis sobretudo no peito, mãos e pés, a mpox tem provocado sintomas moderados e lesões nos genitais, tornando-a mais difícil de identificar, o que significa que as pessoas podem infectar terceiros sem saber que estão infectadas.