Michel está de volta ao seu disco Cadernos de Viagens: “É como um renascimento”

Esgotado há muito, o disco Cadernos de Viagens, do acordeonista e mestre de sapateado Michel, teve agora nova edição. Sexta-feira, às 18h30, vai apresentá-lo em Lisboa, na Fnac Chiado.

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Michel (acordeão e voz), com Rogério Pires (guitarra clássica), Jorge A. Silva (contrabaixo, piano) e Gil Alves (flauta transversal) DR
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Nascido em Paris, em 1948, e desde 1979 a viver em Portugal, Michel é uma figura bem conhecida do público português, não só como bailarino e mestre de sapateado, mas também como coreógrafo, actor e músico. E foi nesta última qualidade que, há sete anos, lançou um disco intitulado Cadernos de Viagens, resultante das suas voltas pelo mundo (França, Estados Unidos, Portugal). Esgotado há muito, esse trabalho foi reeditado agora em CD. Com Michel (acordeão e voz) Gil Alves (flautas), Rogério C. Pires (guitarra) e Jorge A. Silva (baixo e piano), o disco reúne 17 temas que vão da valsa musette a uma variedade de sonoridades, onde se misturam influências do fado, do jazz e da música latina. Michel conta apresentá-lo em concerto no próximo ano, mas antes disso está a promovê-lo (e explicá-lo) em sessões nas Fnac, esta sexta-feira no Chiado (às 18h30), e, já em Novembro, dia 2 em Almada (17h) e dia 3 em Oeiras (17h). “É como um renascimento”, diz ele ao PÚBLICO.

Gravado originalmente em 2014, num estúdio em Queluz, Cadernos de Viagens não era, de início, apenas um disco, mas um projecto que incluía músicas e imagens também da autoria de Michel e que foi apresentado em vivo em espectáculos que incluíam sapateado por bailarinas convidadas. “Algumas dessas músicas”, diz Michel, “foram escritas no Norte de Portugal, onde eu estive ao princípio, e são de inspiração folclórica. Mas outras foram escritas no ano das gravações.”

Abrindo com Fox em sol e fechando com Costa da Caparica, o disco tem temas como Universo em si, Fado Paris Lisboa, Mon quartier, Nouvel amant du Tage, Porto ibérico ou Grande marcha de Lisboa, todos eles compostos por Michel. A par destes, há também uma versão de Chant de la pluie, com poema de Paul Verlaine, e C’est um petit coin de Paris, que Michel compôs em parceria com Francis Seleck, actor, cantor e encenador nascido na Bélgica em 1959 e residente em Portugal desde 1986.

Além de Michel e dos três músicos citados, as gravações contaram com vários convidados: Sylvie C. (Sylvie Canape, voz), Rui Silva (contrabaixo), Milton Batera (bateria), Roberto Suarez (bateria) António Azevedo (guitarra portuguesa), Susana Rocha (voz) e J.A. Reis (percussão). Michel diz que este é “um trabalho, não diria marginal, um bocadinho fora do circuito”, devido a sua entrega a outras áreas, mas pensa que com a reedição do disco isso “pode estar a mudar”. Nem sempre se apresenta em quarteto, devido a compromissos de alguns dos restantes três músicos, mas num espectáculo a apresentar em sala, no próximo ano, a formação deverá apresentar-se completa.

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A capa do disco

“Este projecto, Cadernos de Viagens, é muito pessoal”, diz Michel. Porque nele eu tenho textos, desenhos que fui fazendo, a par das músicas. As influências musicais, para lá da base francesa que dá corpo às canções, são muitas. “Umas conscientes, outras inconscientes, não posso negar”, afirma. “Mas ainda tenho muito para ouvir dos outros.” O acordeão, começou a tocá-lo bem cedo: “Comecei aos 12 anos, estudei ainda durante uns cinco anos em Paris.” A reedição do disco, agora, é para Michel “um nascimento” ou, melhor dizendo, “como um renascimento”: “Foi o [editor] Alain Vachier que se propôs reeditá-lo. Avançámos, e aqui estamos com este projecto, o que me deixou muito feliz”.

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